quarta-feira, maio 31, 2006

«LINHA DE BELEZA»


Foi pura coincidência. Estava de visita aos meus blogs favoritos quando ao passar pelo «Renas e Veados» li o seu último post que publicitava uma estreia televisiva para hoje às 22.30. Olhei ao relógio e eram 22.45. Precipitei-me sobre o comando da televisão e liguei na 2. Lá estava: era aquilo que eu queria ver. Já ía avançado o primeiro episódio de «Linha de Beleza».

Para quem não viu nem leu nada sobre é a história de Nick Guest um jovem homossexual ambicioso, vindo de origens modestas; vive em casa de um amigo de faculdade, que por sua vez é filho de um influente deputado. A série em três episódios é baseada no romance do mesmo nome do escritor Alan Hollinghurs e decorre nos anos 80 durante a governação de Margareth Teacher em pleno apogeu yuppie, lembram-se? Pois é, uma das coisas que me deliciou na série foram as referências históricas e políticas a uma época que está bem viva na minha memória. A guerra das Malvinas, o teacharismo, a cultura yuppie ainda estão frescas para quem acompanhava a política nos anos 80. Por cá fazia história o cavaquismo. A política era mais interessante nessa época: uma mulher fazia história e impunha a sua vontade numa Europa a 12, as bolsas faziam milionários em pouco tempo. O capital gerava capital e os ricos surgiam como cogumelos em Walll Street, na City londrina, mas também em Lisboa. Os yuppies reinavam. A América planeava a estratégia da guerra das estrelas, Helmut Kohl mandava numa Alemanha poderosa e rica ainda por reunificar, Gorbachev iniciava a Glasnost e a Perestroika na U.R.S.S. O Solidariedade abria brechas no bloco de leste. Anos emocionantes na política internacional, quando ainda muito poucos antecipavam a queda do muro de Berlim e o fim do bloco comunista e ninguém falava em globalização. Enfim, foi quando muitos de nós ainda eramos crianças, mas quase parece ficção imaginar que existiu um mundo assim apenas há 20 anos.

Desconheço o romance, mas dá para perceber o cuidado e ao mesmo tempo o atrevimento da BBC ao passar para imagens as palavras de Alan Hollinghurs. Os tempos modernos permitem uma outra abertura no tratamento da homossexualidade do personagem principal. O conservadorismo britânico não permitiria tanta ousadia há uma década atrás, mas ainda bem porque ganham os telespectadores em realismo no tratamento de um assunto que sempre foi abordado com tantos paninhos quentes de tal forma que ninguém ficava elucidado sobre o que é o relacionamento afectivo e sexual entre dois homens, perpétuando estereótipos que em nada favorecem os gays.
Não vou perder o próximo episódio e vocês também não deviam.

COLONOSCOPIA



Pronto, já passou.
Nunca nada é tão mau como imaginamos, nem tão bom como desejamos!
O exame não foi tão doloroso como imaginei apesar de terem decidido não me sedar. Houve momento em que me apeteceu chamar todos os nomes ao médico espanhol que me introduziu a sonda com todo o carinho, não como se fosse um polla, mas antes como um espião coscuvilheiro que me espreitou as entranhas em busca do que eu não queria que ele encontrasse.

Deixem-me fazer um parêntesis para dizer que tenho tido boas experiências com os médicos espanhois que trabalham nos nossos hospitais. A maior parte dos profissionais de medicina portugueses deviam aprender com eles a falta de sobranceria em frente ao doente, que por norma consideram ignorante por isso não lhe comunicam em que consiste o seu problema de saúde ou como se processa o exame a que vão ser submetidos. Deviam aprender a tratar o paciente com humanismo, cordialidade e compaixão e não com a indiferença e alheamento que faz sentir que somos apenas mais um desgraçado a quem eles se dignam a minorar o sofrimento ou a melhorar a existência.
Numa consulta em que acompanhei um familiar havia um médico estagiário espanhol que assistia à consulta. O problema era hipertrofia da tiróide. Perguntei ao médico que me esclarecesse quais os sintomas e consequências do problema a que ele respondeu:« -Nada de importante, não tem importância!». Fiquei a olhar com cara de parvo para ele pensando: não me quer explicar porque é grave, não sabe explicar porque realmente é complicado ou pensa que eu não mereço a explicação? Pouco depois o médico teve que se ausentar do consultório e o espanhol virou-se para mim e disse: Não diga nada ao Dr. F, mas esta alteração da tiroide pode provocar alterações de comportamento, aumento de peso, problemas intestinais, abrandamento do ritmo cardíaco, etç...
Ora aí estava o que era difícil explicar ao Exmo Sr. Dr.

Regressando ao que interessa, depois de alguns uivos abafados, saídos do fundo da minha alma, que parecia estar a desintegrar-se, com aquele tubo enfiado até aos gargomilos a dar voltas no labirinto intestinal, em busca de algum terrorista escondido pronto a detonar uma bomba e mais cedo ou mais tarde provocar um 11 de Setembro na minha vida, o exame terminou. Que alívio sentir aquele dildo defeituoso deixar de me investigar as entranhas. Então o médido sorriu para mim e disse:« - Sente-se bem?» Eu abanei a cabeça para cima e para baixo. Ele voltou a dizer: « - Está tudo bem. Não encontrei nada.»
Parece que era só aquele, malvado, filho único que me obrigou a passar por isto. Mas este momento vai repetir-se. Já está uma consulta marcada para Outubro que vai servir para marcar outro exame de acompanhamento. A consulta tem um nome original: consulta de pólipos. Eles querem saber, e eu também, se aquele anormal que retiraram tem o topete de voltar a dar as caras por lá!

segunda-feira, maio 29, 2006

A CHÁ E CALDOS DE GALINHA


Estou a chá de tília e a caldos de galinha. Nada de fruta, carne, peixe ou legumes, pão nem pensar. Só líquidos, mas nem todos. Sumos de fruta, leite e yogurtes vão ter que esperar e o pior é que eu não sei fazer caldo de galinha! Desde hoje de manhã até ao jantar da amanhã vou enjoar os chás de limão e camomila, de que não sou grande fã. Tudo isto porque o gastrenterologista que consultei há um mês atrás encontrou um pólipo vagabundo no colon do recto e quer investigar se há mais e se não há nenhum armado a besta que me queira pregar uma partida mais tarde.
Pois é, pela segunda vez num mês vou deixar que me enfiem uma sonda pelo cu, que nem sequer vai estimular a próstata e me dar algum prazer. O exame não é nada simpático a tirar pela amostra do mês passado. Já bebi esta tarde 3 litros de água misturada com um pó de dar vómitos: um veneno! A esta hora da noite o intestino está mais limpo que parede acabada de caiar de branco. Diria mesmo que a água que sai já é potável e bacteriologicamente pura (desculpem a imagem de mau gosto).

Tenho fome.

Estou um pouco ansioso quanto ao exame em si. Estou algo tranquilo quanto aos resultados. Estou confiante que o diagnóstico será negativo, mas se houver novidades é bom que seja agora e não quando já for tarde. A prevenção é o melhor remédio. O rastreio do cancro da mãma, da próstata, do útero, do colon e de todos os outros que seja possível diagnosticar pode salvar vidas. Podesse o nosso país permitir a todos os portugueses no momento certo fazerem o rastreio dos diversos tipos de cancro e assim evitar que o diagnóstico venha demasiado tarde, quando a morte já espreita no virar dos anos.

O Shwasy vai ser o enfermeiro de serviço. Vai comigo e depois transportar-me a casa por não é aconselhável conduzir nas horas após a colonoscopia. O nosso jantar das terças talvez não se realize amanhã, mas com a vontade de comer algo saboroso, não sei se resistirei a ir jantar fora com ele. Vamos ver como tudo corre...

A EXPLOSÃO DO ARMÁRIO


(...)«Nos finais de 1984, o popular actor norte-americano Rock Hudson declarou publicamente que sofria de SIDA e que tinha contraído a doença numa relação homossexual. Hudson, então um admirado protótipo do galã viril e sem qualquer mancha, converteu-se numa das primeiras celebridades mundiais a reconhecer a sua condição gay.(...)
Perante esta corajosa atitude do actor, numerosas personalidades da cultura americana contemporânea, como Truman Capote ou Andy Warhol, também reconheceram sem preconceitos a sua homossexualidade; assim como,no campo lésbico, a tenista Martina Navratilova, a actriz Marlene Dietrich ou a escritora francesa Marguerite Yourcenar. Mas tratava-se de casos isolados, que o público aceitava enquanto tal e não como um fenómeno mais generalizado. Porém, a partir do exemplo de Rock Hudson deu-se uma verdadeira explosão de revelações em cadeia, em que figuras reconhecidas em todos os tipos de actividade começaram a declarar publicamente serem gays. Os americanos etiquetaram o fenómeno como Outing the closet ou seja, «sair do armário», que os colectivos gays adoptaram com o sentido de abandonar livremente um sítio fechado e escuro.
(...)
Até ao final do século, a explosão do armário já não era uma cadeia, mas uma enxurrada. Instituições tão machistas e conservadoras como as Igrejas e as forças armadas tiveram que aceitar homossexuais nas suas fileiras, enquanto muitos outros membros que já faziam parte dessas instituições começavam a espreitar pela porta do armário.
Iniciado o novo milénio, o ascendente «orgulho gay» obteve o reconhecimento dos seus direitos perante os tribunais e parlamentos da maior parte do mundo ocidental, obtendo a abolição das leis repressivas e regulamentações discriminatórias, aceitação legal dos casais de facto e, em cada vez mais países, do casamento civil ou da possibilidade de adoptar crianças em pé de igualdade com os casis homossexuais.»
(...)

Do livro: Os gays na História de Paul Tournier, Editorial Estampa, pg. 233 a 235

sábado, maio 27, 2006

OLHAR DO LADO DE LÁ

Já vos disse que um dos meus maiores prazeres quando vou de férias para outros país é o momento do regresso. Gosto de voltar. É uma sensação gratificante comparar os lugares que visitei com os meus lugares e concluir que afinal não é tão mau como me parace quando os olho de dentro para fora. Ao vêr o país de fora para dentro sinto-o mais amigo, mais virtuoso, mais carinhoso. Não tenho espírito de emigrante. Sinto dificuldade em imaginar-me a viver noutro local que não este onde vivo.

Ao regressar, olho Portugal com mais optimismo e volto a acreditar que somos capazes de dar a volta a isto: é só querermos! Ao olhar a capa dos jornais li dois títulos que me alimentaram a esperança em dias melhores: O Banco de Portugal afirma que em Março a actividade e o clima económico melhoraram pelo 5º mês consecutivo e as exportações portuguesas tiveram no 1º trimestre o maior aumento desde o Euro 2004.
No dia em que saí para a Andaluzia o Instituto Nacional de Estatística disse que o desemprego havia baixado 0,3% em relação ao 4º trimestre de 2005!!?

Foi mesmo? Ou são números para o Sr. Engenheiro comentar?

sexta-feira, maio 26, 2006

ELES ESTÃO DE VOLTA!


Sente-se nas janelas e nos carros que os portugueses amam o seu país. Sentem orgulho em pertencer a um país empreendedor. Vestem a camisola, símbolo de um povo, trabalhador, eficiente e com elevado grau de civismo. Mostram das janelas dos seus apartamentos que dão o seu melhor para que nos mantenhamos como a candeia que ilumina a Europa e o mundo com os nossos feitos científicos e culturais para não falar do inigualável desenvolvimento económico que nos tranformou numa pequena potência europeia.

O povo português mobiliza-se para lutar por grandes causas, sejam elas patrióticas ou universais. Saem de casa para defender causas humanitárias, manifestam-se quando pressentem que o poder político se está a afastar dos grandes desígnios nacionais, mostram a força dos seus ideais quando demonstram que as injustiças que graçam pelo mundo também lhes dizem respeito. As grandes potências mundias não podem fazer dos pequenos países, quintais seus onde vão colher as matérias primas e riquezas para se tornarem mais ricos e poderosos. E os portugueses levantam a voz contra essas injustiças! Ao deixarem ondular ao vento as bandeiras portuguesas este povo demonstra uma capacidade de dar o que tem e o que não tem pelo seu país.

Hum?!!! Sim? Como?
Ah!!!
Desculpem acho que me enganei!
Parece que esta onda de patriotismo é por causa do futebol!!...

quinta-feira, maio 25, 2006

VOLTAR AO LOCAL DO CRIME

Regressar de férias a um lugar já conhecido tem tanto ou mais encanto do que partir à descoberta de um novo destino onde tudo é novo, estranho e desconhecido. Voltar a um lugar onde já estivemos, ainda que por pouco tempo, é voltar a ver gente conhecida com quem já partilhamos momentos únicos, espaços que se tornaram de alguma forma nossos também. O regresso aprofunda laços de amizade, encaminha à memória momentos felizes e proporciona novos conhecimentos e experiências que aumentam a nossa familiaridade com o local renovando a vontade de voltar uma e outra vez.

Alguns locais que nos receberam com a cordialidade com que se recebe os clientes amigos e que recomendamos a quem passar por Torremolinos são:
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HOSTAL GUADALUPE
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O local ideal para se sentir em família enquanto desfruta do sol , da praia e da noite da cidade. Um pequeno hotel com 10 quartos sobre a marginal, junto à praia do Bajondillo. No rés-do-chão o restaurante serve refeições leves, num ambiente cosmopolita da calle del Peligro, onde cada cliente é recebido como um amigo, pelo donos e pelo staff gentil e profissional.
O contacto para quem planear férias na Costa del Sol:
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EL GATO VIUDO
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É um bar de um casal holandês muito agradável que deixaram as suas vidas e empregos no seu país natal e investiram numa vida nova em Torremolinos. Exploram este bar com uma decoração muito leve e acolhedora. merece que lá se beba um copo antes de entrar nos bares e discotecas de la Nogalera.

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Um bar com staff muito simpático, vários shows ao longo da noite, uma cave muito animada até de madrugada.

E ainda o restaurante

LA CREMA.

IMPRESSÕES DE TORREMOLINOS


Torremolinos é o exemplo do que de pior se fez na Costa do Sol em termos de urbanismo nos anos 70 e 80. A pressão turística transformou uma pacata vila do Mediterrâneo ocidental numa cidade claustrofóbica, fruto da construção intensa de alojamentos e locais de divertimento, para turistas ávidos de sol e mar que ali a natureza oferece com abundância. Algo tem vindo a ser feito nos últimos anos para que a cidade volte a respirar com saúde, mas há males que quando estão feitos não têm remédio.

Desde há muito que a comunidade gay transformou esta estância de férias na sua preferida da Costa del Sol. As gentes e os turistas estão habituados à exuberante vida gay, que sobretudo desponta pelas ruas ao anoitecer. Os casais de mão dada ou agarrados numa demonstração de afirmação e sentimento de aceitação percorrem as ruas em busca de um restaurante, de um bar ou simplemente num vaguear descomplexado lado a lado com os outros turistas e com os residentes que parecem em perfeita harmonia. Ao longo dos anos gays de vários pontos da Europa adoptaram a cidade para viver e trabalhar e não é difícil encontrar um hostal de um Inglês, um bar de um casal holandês, um restaurante de um francês, ou gente de todas as partes trabalhando no comércio, na restauração ou nos estabelecimentos hoteleiros da cidade, incluindo portugueses que ali encontraram o equilìbrio entre o trabalho e a vida gay.

Ao abordarmos dois jovens sobre as características de uma determinada discoteca obtivemos uma resposta que não deixa margem para dúvidas: « En Torremolinos tudo és gay!». A comunidade gay que vive na cidade ou a visita tem grande importância para a economia local. Muitos bares, restaurantes, discotecas, lojas de vestuário, sapatarias, e outros dependem da procura da clientela homossexual para sobreviver.

Da primeira vez que visitamos a cidade sentimos a influente presença gay, mas agora, fruto das leis aprovadas recentemenrte em Espanha notamos uma abertura e um avontade da comunidade gay que não era patente antes. A cidade precisa dos gays e eles sabem disso e não se fazem rogados em impor a sua presença nem a cidade lhe faz cara feia, pois reconhece que precisa deles.

A AMÉRICA NO SEU MELHOR


Black Jack parece nome de jogo de casino e é, mas é também o nome de uma pequena cidade americana do estado do Missuri. Com 6800 habitantes é seguramente uma boa cidade para se vier. Foi o que pensaram em Janeiro passado Olivia Shelltrack e Fondrey Loving. Compraram uma casa de cinco assoalhadas e com os seus três filhos mudaram-se para a sua nova residência. Nunca imaginaram que ao mesmo tempo que compravam a casa compravam também uma batalha judicial com o município de Black Jack!
À luz das regras, que desde 1985 regem a pacata cidade, o casal e seus filhos não encaixam no conceito de família que a cidade impõe aos seus residentes. As leis da cidade dizem que 4 pessoas só podem viver juntas se estiverem unidas pelo sangue, casamento ou adopção. Como este casal não está casado tiveram que optar entre três possibilidades: casarem-se, deixar a cidade ou recorrerem aos tribunais. A última foi a opção tomada( que mauzinhos!).
A propósito de uma autorização de residência foi-lhes pedido para mostrarem as certidões de casamento e de nascimento das crianças. Logo verificaram que algo de errado se passava. Entretanto o tribunal da cidade rejeitou o pedido para alteração da lei e o caso foi remetido para a Amerian Liberties Union, que equaciona processar a cidade. Esta associação estima que cerca de uma dezena de casais com filhos tenha sido rejeitada pela cidade e acabado por abandoná-la. Várias cidades do mesmo estado têm leis semelhantes embora não as apliquem na prática.
Os responsáveis pelo município defendem que o objectivo desta lei é evitar que a cidade fique superlotada. Que desculpa mais hipócrita! Se este casal fosse legalmente casado e tivesse 20 filhos não teriam problemas em ser aceites. Está de caras que esta lei não tem nada a ver com controlo demográfico mas apenas com a intensão de impor valores morais aos cidadãos.

DE VOLTA AO NOSSO «QUINTAL»

As minhas férias são uma espécie de tourada, em que festejo a vida durante alguns dias, para que pouco a pouco volte a ansiar o retorno à rotina segura dos dias normais.
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Depois de cinco dias de férias que correram velozes e recheados de experiências, em que o descanso e a tranquilidade, para enfrentar os dias de trabalho que aí estão foi o que menos contou, estamos de volta a casa. O repouso físico e psicológico que se obtém desse momento é quase tão bom com a espectativa da partida e dos dias que se seguem. Recuperar o cheiro e a cor das nossas coisas é um momento único de bem estar e serenidade. O nosso lugar está lá intacto, tal qual o deixamos para nos receber de volta de braços abertos. Sabemos então que tudo o que deixamos para trás com a sensação de cançaso e saturação, uns dias antes, tem um valor incomensurável. A rotina do espaço e do tempo não nos deixa valorizar o cantinho como ele merece. O momento do regresso é o tempo ideal para repor dentro da nossa mente a importância imprescindível desse espaço fundamental e único.
É bom estar de volta a casa. Melhor ainda do que partir para o lugar estranho que nos faz valorizar o nosso «Quintal» quando regressamos.

sexta-feira, maio 19, 2006

VAI VALER A PENA CONHECER-TE?

Tomar a decisão de se conhecer alguém deve ser minimamente ponderada. Conhecer, no sentido de interagir com a pessoa que se atravessa na nossa vida, não no sentido do beijo ou do aperto de mão, tem implicações que nem nos passa pela cabeça. Fazer uma amizade ou iniciar um relacionamento amoroso é decidir alterar o futuro de duas pessoas pelo menos. O dia a dia de ambos altera-se mais ou menos profundamente; a linha de horizonte afectivo sofre uma alteração que pode vir a ser enriquecedora ou desalentadora. Por isso considero que atravessar o destino de alguém deve merecer uma reflexão prévia, pelo respeito que nos deve merecer a vida que se cruza com a nossa. Que intensões temos quando nos apróximamos do outro? Temos algo para dar ou queremos apenas usar? Vamos ver se dá ou pretendemos fazer com que dê? Há inúmeras questões que ficam no ar e se não são respondidadas a tempo podem transformar o novo relacionamento numa perda inútil de tempo e no fim não deixar nada de bom como recordação. Encetar relacionamentos que acabam rapidamente em frustração e desalento não é uma atitude séria nem sadia.

quinta-feira, maio 18, 2006

DE FÉRIAS...

Finalmente chegou o dia!
Estou de FÉRIAS!...
UPPIIII!!!!

É apenas uma semana, mas vai ser memorável. Desde Novembro, quando cheguei mais morto do que vivo de Atenas, que as semanas de trabalho se seguem mais ou menos animadas, pouco a pouco mais trabalhosas. Gosto do meu trabalho, porém um período de férias só pode aumentar a minha motivação para enfrentar os dias de trabalho saturantes no verão algarvio. Faço questão de aproveitar cada minuto, cada refeição, cada copo, cada raio de sol,cada cara nova como se fosse a última.

Estou certo que o Shwasy vai fazer o mesmo. Os dois juntos vamos arrasar as noites de...

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quarta-feira, maio 17, 2006

DIA INTERNACIONAL CONTRA A HOMOFOBIA

17 DE MAIO

Sabia que a homofobia não é nada mais que pura insegurança sobre a própria sexualidade?

COLEGAS E AMIGOS


Um dos maiores prazeres que se pode usufruir na vida é da companhia dos amigos. Eles não são família, isto é, não são obrigação. Alguém disse que a família não se escolhe, os amigos sim, são escolhidos, por isso se os temos e os mantemos é porque eles realmente são importantes para nós.
Um duplo gozo é quando os amigos são também os nossos colegas de trabalho, mais uma vez, embora não seja 100% verdade também não se escolhem. Eu sou um priviligiado. Quase todos os que passam comigo as oito horas de trabalho foram escolhidos por mim. Também os acabei por escolher como amigos porque tive a sorte de escolher como colegas pessoas fantásticas que tornam os meus dias de trabalho momentos muito agradáveis e estimulantes. Sinto-me um felizardo por poder compartilhar o meu dia a dia com gente tão bem formada, tão capaz e tão bem disposta.
Um grande obrigado a quem comigo trabalha e que é capaz de me respeitar como chefe e ter como amigo ao mesmo tempo.

segunda-feira, maio 15, 2006

A ARTE DE STEVE WALKER ( 1 )


A pintura está entre as primeiras memórias de Steve Walker. Coleccionava pinturas desde os seus três anos de idade. A pintura surgiu de uma forma natural na vida adulta do pintor canadiano. O seu despertar como artista acontece apenas após uma viagem à Europa quando tinha 25 anos. Nesse périplo pelo velho continente passou muito do seu tempo visitando galerias de arte e museus. teve, pela primeira, vez um contacto mais íntimo com as grandes obras da pintura universal. Reconheceu nessa experiência o potencial extraordinário desta forma de arte e sentiu-se impulsionado a usá-la, visto reconhecer em si dotes naturais para comunicar dessa forma com o mundo. Inicialmente não pensou a vir tornar públicos os seus trabalhos.

( continua)

A ARTE DE STEVE WALKER ( 2 )

«Men and the moon»
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( continuação )
Fazer arte baseada na sua vida e nas vidas que com ele se cruzam é tão natural como os seus primeiros rascunhos de infância. Como gay, Walker tem consciência que está a viver um período histórico que é tanto o melhor como o pior que a comunidade homossexual já viveu. Há mais liberdade e aceitação para com as lésbicas e gays, enquanto ao mesmo tempo a SIDA devasta a população gay de todo o mundo.
(...)

A ARTE DE STEVE WALKER ( 3 )

«The two gentlemen of Portugal», 2004
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( Continuação )

As viagens e a descoberta são um tema recorrente na pintura de Steve Walker. A pintura « The Two Gentlemen of Portugal» ilustra bem este tema. Para ele a pintura é a partilha de um momento de inspiração entre duas pessoas. A arquitectura interior e exterior deste quadro foi baseada na de um mosteiro que visitou em Lisboa. O motivo da janela é frequente na sua pintura. A moldura das janelas é só por si um quadro da vida tal como o própria tela também o é. Quem observa esta pintura está ao mesmo tempo a olhar através de duas janelas.

(...)



















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A ARTE DE STEVE WALKER ( 4 )

«Silence»
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( Continuação)

Mas a pintura de Walker não é acerca de pessoas gays ou da homossexualidade. Ele descreve a sua arte como sendo acerca do amor, do ódio, do sofrimento, da alegria, da sensibilidade, da comunicação, da beleza, da atracção, da esperança, da vida e morte. A sua arte inclui os temas universais sem olhar a raça, género, classe, cultura ou orientação sexual. No entanto, o seu trabalho é único em resultado do tratamento que dá aos temas da sua pintura, usando jovens homossexuais. A sua pintura está virada para a população em geral apesar da figura masculina, jovem e homossexual estar sempre presente. Mas os temas universais podem ser visualisados por todos ainda que sob o ponto de vista da homossexualidade.

(...)

A ARTE DE STEVE WALKER ( 5 )

«Four hands, one heart»

( Continuação)

Se Walker fosse um pintor abstracto ou de paisagens, a sua orientação sexual não teria importância. Ele é, no entanto, um pintor de vidas a sua orientação sexual torna-se, assim, mais importante que o seu substracto cultural, idade ou nacionalidade.

(...)

A ARTE DE STEVE WALKER ( 6 )

« A summer place»
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«The ocean calls»
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( continuação)

A sua pintura sugere frequentemente tristeza e solidão, reflexo da realidade de de muitas vidas tristes e sós. Steve Walker pinta o relacionamento entre pessoas como entidades separadas porque esta é a forma como ele sente o relacionamento humano. O uso de um número restricto de cores reflecte o seu conforto com elas que julga conduzi-lo aos resultados desejados. Algumas cores são poderosas e podem ser usadas repetidamente enquanto outras são muito excitantes e algumas podem tornar-se bastante ofensivas. Pintar o corpo humano é muito excitante, diz Walker, porque permite imensos tons usando apenas um nicho muito limitado de cores.

( ... )

A ARTE DE STEVE WALKER ( 7 )

«Haircut»
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( Continuação )
As telas de Steve Walker são de grandes dimensões. Ele crê que pinturas grandes são mais apelativas que as pequenas. A imagem vista na tela do cinema tem um impacto superior à que é vista no ecrâ de televisão. O tamanho da imagem tem uma conotação directa com a sua importância.
Pertencer a uma minoria oprimida e discriminada foi um impulso importante na criação da sua arte. « Todas as minorias querem e precisam de encontrar vozes que retratem a sua situação pessoal, que validem e reproduzam a sua vida e cultura para eles mesmos e para o mundo em geral.», disse Steve Walker.

domingo, maio 14, 2006

EMOÇÕES PATRIÓTICAS


O ondular da bandeira ao som do hino nacional continua a emocionar-me, quando cantado por milhares de pessoas desafinadas e com a letra tirada a ferros do patriotismo de ocasião que se manifesta regularmente nos estádios de futebol quando joga a selecção nacional. Hoje o monumental desafinanço foi no Estádio nacional a propósito da final da taça de Portugal.

Irrita-me esta emoção que me sobe pela garganta e me embacia os olhos ao escutar a Portuguesa, difícil de memorizar e impossível de acertar nos tempos e nos tons, para os poucos dotados para as coisas da música. Não percebo onde raio aprendi a amar este país. Se descubro quem me ensinou tal idiotice, juro que lhe ponho um processo em tribunal.

sábado, maio 13, 2006

CONTRA OS BRASILEIROS DE VILA DE REI.

O Partido Nacional Renovador promoveu uma manifestação em Vila de Rei contra a estratégia da presidente da câmara municipal de contrariar o decréscimo populacional do concelho trazendo do Brasil famílias para repovoar a vila.
A extrema direita está viva e só precisa de um «arrastão» na praia de Carcavelos, o leve odor da possibilidade da legalização das uniões homossexuais ou o aumento do número de imigrantes entre nós como pretexto para mostrar que os seus ideais são os opostos da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

QUE RIQUEZA DE VOCABULÁRIO!

Resultado: 24 pontos

Eu tenho um excelente vocabulário.

Teste oferecido: InterNey.Net

Teste Seu Vocabulário: http://www.interney.net/testes/teste001.php

Encontrei o teste em http://h2homens.blogspot.com/

«L`ENFANT TERRIBLE» ESTÁ MAIS CRESCIDO

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A mais cintilante estrela em ascensão do futebol português passou por dias muito difíceis depois da morte de seu pai. Em 6 de setembro de 2005 Cristiano Ronaldo fica orfão e apartir dessa data vê-se envolvido em controvérsias de todo o género. É chamado a interrogatórios, sob suspeita de participação no estupro de duas raparigas francesas; no campeonato inglês vê um cartão vermelho directo; nos treinos envolve-se numa escaramuça com o colega de equipa Ruud Van Nistelroy; na liga dos campeões estica o dedo aos adeptos do Benfica quando é substituido. Uma série de actos irreflectidos que a continuarem teriam marcado o início do seu declínio como futubolista e como ídolo de futebol. A violação foi uma acusação falsa, mas a morte do pai influenciou tudo o resto. Tudo se torna mais difícil quando não se está bem psicologicamente e os actos irreflectidos são uma forma de dizer «deixem-me em paz».

A família veio em seu auxílio o que fez toda a diferença para um jovem que aos 11 anos veio para Lisboa para se doutorar nas artes do futebol, deixando família e amigos, desenraizando-se e pior ainda adolescente foi para Manchester, ganhar rios de dinheiro, sem saber falar inglês e sem conhecer a cultura do país que o adoptava.

Cristiano amadureceu, fez-se homem. Dá a cara a algumas das mais importantes marcas globais, continua a fazer magia com uma bola nos pés e não desiludiu os seus inúmeros fãs que o adoram.

Os colegas pegaram em recortes de revistas e penduraram no seu cacifo do balniário e obrigaram-no a conviver com a sua popularidade junto da comunidade gay que o considera um dos homens mais sexy do mundo. Diz ele: « Ficar entre os primeiros, sendo escolhido pelos gays, acho que não é muito bom para mim. É um bocado estranho. Sefosse pelas mulheres, ficava mais contente.» Ronaldo acredita que não teria dificuldades em conviver com a presença de gays no balniério. « Agora que penso nisso, tem que haver gostos para tudo. Não sei bem como iria reagir. Mas, se me respeitassem, eu também respeitaria», diz, « Pelo menos, não ia ficar a pensar que estariam a olhar para o meu corpo no balniário...»

O nosso «enfant terrible do futebol» vai fazer, certamente, as delícias dos amantes do futebol no próximo mundial de futebol da Alemanha e muitos gays vão acompanhar os jogos da selecção portuguesa, senão mesmo torcer por ela para poderem ter o gozo de o ver desfilar sobre o verde dos relvados.
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sexta-feira, maio 12, 2006

A COMPETITIVIDADE DA ECONOMIA PORTUGUESA


O IMD, uma das escolas de gestão mais reputadas do mundo, publicou o seu índice anual de competitividade económica comparada entre 61 países ou regiões do mundo. Portugal encontra-se este ano na 43ª posição tendo subido dois lugares relativamente ao ano passado. Óptimo! Parou de cair. Em 2002 o país atingiu a sua melhor classificação de sempre com um bom 33º lugar. No ano seguinte baixou para 39º, em 2004 manteve o mesmo lugar e em 2005 mais um trambulhão para 45º.
O principal responsável pela queda continuada da posição portuguesa foi a área do desempenho económico que deslizou do 30º para o 48º lugar. A eficiência do estado também ajudou e escorregou do 25º lugar em 2003 para a 42ª posição deste ano. A eficiência nos negócios pulou do 35º para um mediocre 50º lugar. Salva-se as infraestruturas que recuperou o 34º lugar este ano depois de em 2003 ter obtido a sua pior classificação de sempre com um médio 38º posto.

Ora é precisamente esta honrosa classificação das infraestruturas que dá que pensar. Os pontos fortes para esta posição , reparem com atenção, são:

- Rácio professor/aluno no ensino secundário (1º)
- Rácio professor/aluno no ensino primário (5º)
- despesa na educação em % do PIB (8º)
- Despesa na saúde em % do PIB (12º)
- Utilizadores de internet (13º)

Espantoso! Quando sabemos o que se passa com o sistema de educação e ensino e os serviços de saúde que são prestados nos nossos hospitais e centros de saúde só podemos ficar pasmados! Despejam-se contentores de dinheiro sobre os problemas do ensino e da saúde pensando que isso resolve os seus problemas e descança-se sobre o problema. Inteligente!

Quem tem culpa do fracasso destes serviços públicos? Os professores e os profissionais de saúde? Os gestores e as chefias? Os ministros e os políticos em geral? Todos terão a sua quota parte de responsabilidade, mas é sobretudo o povo português que conhece o estado das coisas e assobia para o ar como se não fosse o seu dinheiro que está a ser jogado ao fundo do poço sem qualquer utilidade.

P.S. Que nome tem um país que não tem médicos e enfermeiros suficientes( importa-os de Espanha), e só admite alunos para os cursos de saúde com médias de 19 e 20 valores? De quem é a culpa deste estado estado de coisas? Como é que quem nos governa cede aos lobys que só pensam na sua conta bancária e não nos supremos interesses do país?

Revolta não revolta?

FRASE EM CRIOLO TRADUZIDA

Parabéns ao ARION que «tem esperto no cabeça» e rápidamente decifrou a original frase em língua criola.

Aproveito para cumprimentá-lo e sugerir a visita ao seu blog: SAND SWIMMING em http://sandswimming.blogspot.com/

Uma saudação a toda a comunidade emigrante dos PALOP que enriquece a língua portuguesa com a sua forma tão alegre e descontraída de a falar.

quinta-feira, maio 11, 2006

EXERCÍCIO DE TRADUÇÃO

Pouco depois de chegar ao escritório, hoje pela manhã o aparelho de fax apitou, sinal que estava a receber uma cópia enviada por um cliente, pensei eu. Quando a máquina deu por acabado o seu trabalho de impressão, larguei o que estava a fazer, dirigi-me ao outro lado da sala e puxei a folha branca. Reconheci imediatamente a letra de quem havia feito o manuscrito.
Que será que Albufeira quer tão cedo? Pensei, imaginando algum problema por resolver a um cliente daquela estação. Olhei, mas, estranhei. Não percebi a mensagem. Não era o que estava à espera. Parei e li outra vez. Dizia assim:

Sabes falar criolo?
Então traduz esta frase:
«uuuu tqobdc UUUU»
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O texto estava assinado, embora não fosse necessário pois eu já reconhecera a letra. Pertencia a um colega que se encontra no top 5 das pessoas mais divertidas que conheço. Sorri, porque imaginei logo que a pequena frase escrita em «criolo» seria fruto da sua imaginação e repleta de boa disposição. Olhei, pensei e sem tempo para me ocupar daquele problema bicudo àquela hora da manhã: os telefones já tocavam e o dia estava por preparar para que quando os restantes colegas chegassem a máquina estivesse preparada para funcionar sem percalços.
Sem tempo para pensar no assunto, mas curioso em saber o segredo daquela frase enigmática, devolvi o fax onde escrevi: A minha especialidade em linguas é outra. Podes dar uma ajuda na tradução?
Passada uma boa meia hora o telefone tocou mais uma vez. Atendi convencido que seria mais um cliente necessitando com urgência uma viatura para se deslocar quando pressinto um sorriso aberto do outro lado. Era ele, o brincalhão, que depois de rir mais um pouco da minha incapacidade para traduzir a frase me desvendou a misteriosa combinação de letras.
Aceito tentativas de tradução.
Deixem-nas em forma de comentário.
Mais tarde deixo a curiosa e original tradução.
O criolo é uma lingua muito original e divertida!

quarta-feira, maio 10, 2006

OS NEGÓCIOS DO PETRÓLEO À PORTUGUESA


O investimento foi anunciado com pompa e circunstância há alguns meses atrás. Na época parecia a revelação de um milagre: um grupo de empresários, liderados pelo português Patrick Monteiro de Barros, um homem ligado ao negócio da refinação de petróleo nos Estados Unidos, queriam investir em Portugal muitos milhões de euros numa refinaria, construida de raíz, em Sines. O país, deprimido, ouvia todos os dias que mais uma fábrica ia fechar ou deslocalizar a produção para um país de leste, deixando mais algumas centenas de trabalhadores no desemprego e fazendo mirrar mais um pouco a nossa economia, eis senão quando alguém anuncia que afinal é rentável investir fortunas em Portugal para refinar petróleo que depois será exportado para os Estados Unidos contribuindo para melhorar as nossas contas externas, criar dois mil postos de trabalho, mas o mais importante mesmo era fazer o país acreditar que é viável e confiável para investir. Serviu de bandeira ao governo para ajudar empurrar o país para uma retoma económica baseada na confiança de projectos de investimento virtuais. Fez-nos bem ouvir os anúncios de investimento.

Na minha cabeça pairou sempre a dúvida sobre os impactes ambientais de tal investimento ,numa região que já está saturada de industria petroquímica, iria causar: as enormes emissões de CO2, mais um tiro na camada de ozono e mais uns pontinhos no aquecimento global, mas o que era isso comparado com a perspectiva que o país tinha condições para sair da crise e voltar a acreditar em si?

Nos últimos dias já havia indícios que algo não estava a correr bem: o americano tinha dado à sola, nada avançava!... Hum! Até que hoje estala o verniz. O governo não aprovava o projecto tal qual tinha sido apresentado na sua última versão. Monteiro de Barros vem a terreiro dizer que o governo não cumpriu as suas obrigações nem assumiu os seus compromissos por isso o projecto fica suspenso até que?...

Este projecto milionário tem cheiro a tentativa de aproveitamento da debilidade económica e política em que se encontra o país. Ansioso por investimentos industriais de raíz como está, este grupo de empresários deve ter pensado que Portugal era uma presa fácil para os seus planos. Apresentou um projecto ambicioso para os interesses nacionais tão promissor como o da Auto-Europa como engodo para a pescaria. Depois de entusiasmar o governo e os portugueses em geral refez o projecto e apresentou uma refinaria que em vez de basear o seu negócio na exportação virava-se para o mercado nacional através da produção de energia tornando o país ainda mais dependente dos combustíveis fósseis; em vez de emitir duas mil toneladas de CO2 por ano para a atmosfera passava para seis mil e o estado português é que pagava o preço de acordo com o protocolo de Quioto; para além das populações do litoral alentejano e do ambiente do planeta em geral, e os incentivos do estado ao investimento eram também eles milionários à custa dos nossos impostos. Sabe bem construir um negócio de milhões à custa do dinheiro alheio e arriscando quase nada. O isco foi lançado e o peixe acabou por morder, mas não engoliu. Graças a Deus que assim foi.

O governo português também não está isento de culpas neste processo. Embandeirou em arco quando ouviu cintilar os euros e deu a cara por um investimento que pela sua megalomania cheirava a esturro. Quando a esmola é muita o cego deve desconfiar e o nosso governo não desconfiou que o que se pretendiam era vergar o país sedento de crescimento económico e de auto-estima.

A central nuclear para produção de energia é outro dos planos em que alguém quer fazer o governo nacional embarcar acenando com a penúria e os elevados preços do petróleo. Parece mais um investimento em que alguns querem ganhar muito dinheiro à custa do dinheiro que os impostos fazem entrar nos cofres do estado.

ESPANHA IGUALA NÍVEL DE VIDA ALEMÃO EM 2008


Nuestros hermanos não têm muitas razões de queixa do seu país ao contrários dos seus vizinhos. A economia está tão pujante que todos já se preparam para festejar daqui a dois anos a obtenção de um nível de vida semelhante ao da toda poderosa Alemanha. De acordo com um estudo feito pelo Deutsche Bank, a Espanha poderá alcançar em 2008 o mesmo rendimento per capita da maior potência económica europeia.
A educação tem sido o factor que mais prosperidade trouxe a Espanha, graças a um maior investimento no ensino superior: 37% dos jovens espanhóis entre os 25 e os 34 anos possuem grau académico. O estudo prevê que o aumento dos licenciados espanhóis represente um crescimento de 50% na produtividade em 2020. A Itália só alcançará o rendimento per capita alemão em 2014 ; a Grécia muitos anos mais tarde e Portugal, talvez nunca!

Uma pergunta: O que é que não está a bater bem deste lado da fronteira?

PORTUGUESES MAIS GENEROSOS

A campanha do Banco Alimentar do passado fim-de-semana recebeu mais de mil toneladas de alimentos, um aumento de 130 toneladas face a 2005. Um balanço francamente positivo quando ainda não foram contabilizados as ofertas em vales.

PORTUGUESES RECICLAM MAIS

os portugueses reciclaram mais 23,4% de embalagens no primeiro trimestre de 2006, do que no mesmo período do ano passado, anunciou a Sociedade Ponto Verde. Nos ecopontos foram depositados mais de 55 mil toneladas de embalagens domésticas, sendo 30 mil de vidro e 16 mil de papel e as restantes de plástico.

DIA IBÉRICO SEM TELEVISÃO


Corre pela península Ibérica um apelo generalizado para que o dia 10 de Maio seja um dia sem televisão. Pretende esta iniciativa chamar a atenção para os malefícios do sofá, desculpem, do consumo exagerado deste audovisual que limita a liberdade do ser humano e lhe prejudica a saúde gravemente. Milhões de pessoas deixaram de comunicar entre si, sobretudo em família para, quais basbacos, ficarem de mente entorpecida olhando para o pequeno ecrâ. A ausência de espírito crítico que a TV induz ao ser humano absorvendo todo o tipo de imagens sem qualquer critério de qualidade que nos impede de desligar este infernal aparelho, segundo a classificação do Vaticano, quer esteja a transmitir os «Morangos sem açucar», a «Trasladação dos restos mortais de Fátima», o «Circo do Castelo Branco» ou o« Funeral do Dino», que Deus o tenha.

Tenho que concordar com a Igreja Católica que diz que ver televisão em excesso é um pecado que tem que ser penitenciado. Ver televisão atrofia o cérebro, sobretudo se for a TV portuguesa, com destaque para a TVI, mas as outras não ficam atrás; torna os músculos flácidos: o sofá substitui o colchão e faz mal à coluna vertebral; aumenta o pneu devido ao aumento do consumo de amedoins e cerveja e ainda baixa a taxa de natalidade pela diminuição da prática de sexo entre casais heterossexuais ou não.

Querem mais razões para não ligar o televisor no dia de hoje? Então aqui vai: já se aperceberam que as noites estão quentes e muito agradáveis para se sair com a família ou com os amigos? Porque não levar todos a comer um gelado no café Central e assim revitalizar os laços familiares e ficar a conhecer um pouco melhor as pessoas que vivem na mesma habitação que você?

P.S. Cedo ou tarde será instituido o dia sem computador nem Internet. Mais um inimigo a abater. Amén!

terça-feira, maio 09, 2006

QUEM PENSAS TU QUE EU SOU?!!!


Ainda era muito criança quando uma frase frequentemente escutada da boca dos homens portugueses me começou a intrigar e confundir. Várias vezes ouvi jovens ou homens maduros pronunciar com ar enfadado esta frase: «- Sei lá... Não sei apreciar homens». Estas palavras soavam-me a falso. Como era possível que o conceito estético de belo se esvaísse pelo ralo da mente masculina sempre que o alvo dessa apreciação era um seu semelhante do mesmo sexo?

Então, não tens dúvidas em dizer, alto e bom som, com toda a virilidade que há na pose do teu olhar, que uma mulher que passa na rua é agradável à vista, é bonita, é «boa» porque as formas do seu corpo são bem delineadas e o conjunto do seu rosto é belo, mas quando vês um homem o conceito de beleza, de harmonia das formas eclipsa-se?
Não estava em causa essas formas ou contornos se tornarem desejáveis e atraentes afectiva ou sexualmente; era apenas considerá-las belas ou não. Que mal tinha?

Cada vez que a situação se punha só me apetecia chamar mentiroso ao macho latino que não tinha tomates para dizer o que achava esteticamente de outro homem. A homofobia latente e o medo de ser julgado por uma simples opinião torna os machos portugueses ridículos.

O estigma e o medo de que qualquer atitude ou palavra impensada possa ser interpretada como falta de virilidade ainda desperta o pânico nos machos lusos. Também aqui não basta ser, é preciso parecer e mais vale não facilitar! Não vá alguém pensar que eu sou desses.

Sei lá apreciar homens, eu! Quem pensas tu que eu sou?

segunda-feira, maio 08, 2006

VILA DE PORCHES

No Domingo quando ocupei a minha hora de almoço caminhando pelas ruas quase desertas da vila de Porches, o dia limpo transparente de Primavera realçava os rebordos azuis e amarelos sobre o branco das casas até me ferir os olhos. Por entre as frestas das janelas brancas de madeira pintadas escapavam-se sons de fado, do Brasil ou apenas de música portuguesa bem timbrada, acompanhada do cheiro a peixe assado: sardinhas frescas saltando na brasa!...
Nas árvores balanceadas por um vento suave cantavam pintassilgos e as andorinhas esvoaçavam atarefadas sobre os telhados tradicionais.
As flores nos vasos e nos canteiros esforçavam-se por soltar cores mais vivas para me agradar. Sem a música que vinha dos quintais onde se almoçava o silêncio era tão puro como o azul do céu e tão intenso como o brilho do sol.
Era uma vila perfeita onde a vida se escondia para a refeição do meio do dia dentro das magníficas casas algarvias.
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Segundo fontes históricas, a actual Vila de Porches teve a sua origem em meados do séc. XVI, tendo sido edificada pela população, vinda de uma antiga urbe denominada Porches Velho (lugar da freguesia mais próximo da costa).Porches Velho teria sido ocupado por romanos e em 1253 já era considerado Vila, cabeça de um julgado e possuidora de um forte castelo Medieval.

A região de Porches foi célebre e importante. Terra conhecida pelo seu famoso vinho, Terra do barro, das olarias e dos grandes mestres.Habilidosas mão continuam a dar forma ao barro, mantendo viva esta arte secular.

Com o incremento do Turismo, a olaria de Porches tornou-se próspera. O barro artístico teima em assimilar harmoniosamente as técnicas e motivos transmitidos pelos velhos mestres, cuja arte o aprendiz dá continuidade, com uma nova e original inspiração.

domingo, maio 07, 2006

SAUDADES DE SER BÉBÉ


Para a minha mãe, que foi e é a melhor mãe do mundo!
Que ninguém tenha dúvidas.

UMA QUADRA AO GOSTO POPULAR

São parvos, não rias deles,
deixa-os ser, que não são sós;
às vezes rimos daqueles
que valem mais do que nós.

António Aleixo

sábado, maio 06, 2006

LAMARIE, PORTUGAL

É um fosso com mais de dez metros, cheio de água suja, num prédio inacabado do Porto. Foi aí que a encontraram: calças nos joelhos, queimaduras, sinais de espancamento. Os miúdos dizem que lhe fizeram o que quiseram durante dias - dois, três? -, que lhe arremessaram pedras e pontapés, lhe enfiaram paus no ânus, a insultaram e seviciaram até lhes parecer que já não respirava. Aí, dizem, resolveram livrar-se do corpo.

A autópsia diz que ela morreu afogada. O mais certo é, aliás, que diga ele. O corpo pescado do fosso tinha órgãos genitais masculinos e nos seus papéis o nome de Gisberto Salce Júnior, mesmo se havia seios cirurgicamente implantados e um rosto que foi o de uma mulher bonita. Na morte, talvez fosse outra coisa - um mutante, uma aberração atreita a estremecer conceitos e atrair violências.

Os miúdos têm entre 13 e 16 anos. O mais velho foi posto em prisão preventiva e libertado ao fim de dois meses - fez ontem uma semana. A investigação da PJ não consubstancia a tese de homicídio e os outros testemunharam que ele esteve lá, fez parte, mas não teve culpa.

Valerá a pena lembrar que os jovens sabem que a partir dos 16 anos se paga à séria pelos crimes. Que, como as pessoas crescidas, mentem e tanto mais quanto maior o sarilho. Mas isso nem é o que mais importa: o que mais importa é a óbvia vontade, desde o início, de não querer acreditar que seja possível um bando de "miúdos nossos" ter feito aquilo. Num país onde uma mulher e o seu irmão foram condenados a 20 anos de prisão pela morte da respectiva filha e sobrinha, uma criança cujo corpo nunca apareceu, com base numa coisa chamada "convicção", um corpo pode apresentar irrefutáveis provas de tortura e homicídio que coincidem com a confissão dos suspeitos e tudo se encaminhar para não haver culpados.

E se fossem culpados, que faríamos com eles? O que é que se faz com adolescentes que se comprazem em levar uma pessoa à agonia e em vê-la agonizar? Proíbem-se-lhes os Morangos com Açúcar e a playstation durante um mês? Obrigam-se a uma "conversa séria"? Curioso: nada transpirou do que dizem os miúdos para justificar o que confessam ter feito. Não lhes perguntaram, eles não responderam, ou a resposta é demasiado terrível?

E, no entanto, "eles têm de ser os nossos professores", como diz o padre católico em Laramie, a peça em cena no Maria Matos sobre o homicídio, em 1998, nos EUA, de um homossexual de 21 anos por dois jovens: "Como é que vocês aprenderam isso? O que é que nós, enquanto sociedade, fizemos para vos ensinar isso? Acho que seria fantástico se o juiz dissesse: 'Para além da vossa sentença, têm de contar a vossa história.'"


Fernanda Câncio
fernanda.m.cancio@dn.pt

TRADUÇÃO ON LINE


Só recentemente me apercebi do elevado número de leitores estrangeiros, sobretudo de lingua inglesa ( Americanos, Canadianos e Ingleses) que passam os olhos por este blog. Passam os olhos, é o termo, porque seguramente não compreendem nada do que lá está escrito e não se demoram por lá. Limitam-se a visualizar as fotos e passam à frente!

Os tradutores on line deixam ainda muito a desejar na qualidade da tradução que produzem. Com excepção da tradução para Inglês todas as outras que experimentei são deploráveis, ilegíveis mesmo! Recusei instalá-las neste espaço porque creio que não seriam uma mais-valia, antes pelo contrário, era um exercício penoso e anedótico tentar ler a tradução, por exemplo para espanhol!

A tradução para Inglês é minimamente aceitável, embora a mutilação que faz da lingua mais universal dos nossos dias seja arrepiante. Sem alternativas achei razoável que quem queira descobrir um pouco do que escrevo neste espaço aceite os erros que a tradução produz. Esperemos que no futuro se gerem aperfeiçoamentos capazes de permitir uma tradução com uma melhor qualidade.

All right english peakers, try the translation on line and enjoy it.
Thank you for your visit.

sexta-feira, maio 05, 2006

O BATALHÃO SAGRADO DE TEBAS


« Se houvesse maneira de conseguir que um estado ou um exército fosse constituído apenas por amantes e seus amados, estes seriam os melhores governantes da sua cidade, abstendo-se de toda e qualquer desonra... Pois que amante não preferiria ser visto por toda a humanidade a ser visto pelo amado no momento em que abandonasse o seu posto ou pousasse as suas armas... Ou quem abandonaria ou trairia o seu amado no momento de perigo?» Platão ( 428 a.c - 348 a.c)

Estas palavras foram escritas por Platão sobre o código teórico que sustentava o êxito do Batalhão Sagrado de Tebas que era um exército de 150 pares de amantes homossexuais. Tornaram-se célebres quando conseguiram derrotar os Espartanos, sendo vencidos apenas três décadas mais tarde por Filipe da Macedónia e seu filho, Alexandre magno, na batalha de Queroneia (338 a,C.).

Do livro Born To Be Gay - História da Homossexualidade de William Naphy, Edições 70, pg. 56

quinta-feira, maio 04, 2006

NÃO SEI PORQUÊ?

A VIA DO INFANTE TEM CHARME

A Via do Infante já me conhece de gingeira! Percorro-a disfarçado nos modelos diferentes dos carros que conduzo, mas creio que não lhe passa despercebido a forma como palmilho os 70 quilómetros para ir e outros tantos para regressar a casa. Também eu já me afeiçoei a ela. Acho-a bonita, charmosa, educada serpenteando entre a serra e o mar, rasgando o barrocal sem piedade, fazendo a união entre o Barlavento e o Sotavento. Sinto que o asfalto e o mato já se reconciliaram e aprenderam a viver em paz um com o outro. Especialmente entre o nó de Loulé e o cerro de São Miguel acho a paisagem que a auto-estrada me mostra uma obra prima da natureza: harmonia dos montes em contraste com o branco dos povoasdos, a natureza em estado quase puro e os campos cultivados, belas casas com piscina e montes rústicos quase em ruinas...Gosto de ver a Ria Formosa ao longe com Sol a esconder-se nas minhas costas e as encostas dos cerros resvalando até aos arbustos próximos do asfalto.

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GISBERTA SALCE JÚNIOR EM DOCUMENTÁRIO

A vida de Gisberta, ou pelo menos o relato dos seus últimos dias, vai passar no dia 17 de Maio na TV austríaca. Jo Schedlayer veio da Austria para em meia hora de imagens contar a história de Gisberta, a transsexual brasileira, que foi assassinada na cidade do Porto O seu corpo como todos se lembram foi encontrado a 22 de Fevereiro num edifício abandonado da cidade invicta, depois de torturada, durante dias por um grupo de jovens.

MEMORIAL PARA LEMBRAR OS TRANSGÉNEROS ASSASSINADOS

O nome de Gis não faz parte ainda da lista de 340 nomes da página http://rememberingourdead.org/, memorial virtual dos transgénero assassinados desde 1970.

quarta-feira, maio 03, 2006

PORTUGAL: DOIS EM UM


Portugal é o país europeu onde a disparidade entre ricos e pobres é maior. O país tem dificuldade em redistribuir a pouca riqueza que cria. Numa frase que faz escola entre a população: os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
Um relatório do Banco Mundial, publicado recentemente, afirma que somos o país europeu onde se regista a pobreza mais extrema. Na mesma semana são divulgados os lucros dos 3 maiores bancos nacionais que só no primeiro trimestre lucraram 377.8 milhões de euros! Há outras empresas muito lucrativas e há portugueses que enriquecem, e muito, à custa do empobrecimento de outros.

No mesmo país convivem duas realidades económicas: uma cresce sem parar apresentando resultados fabulosos e a outra parece condenada ao fracasso onde quase tudo, da tecnologia ao endividamento, da pobreza à literacia, deixa-nos na cauda da Europa e definha.

Esta realidade dá que pensar...

Estamos perante duas realidades, dois mundos que convivem no mesmo território, duas formas de viver, dois pólos sociais cada vez mais distantes, contruindo muros, criando abismos, erguendo fronteiras intransponíveis. Isto é, duas populações para um só Portugal.
Um dia, Portugal não terá Norte nem sul, litoral nem interior para definir os seus contrastes históricos, mas haverá condomínios fechados de um lado e ódios e raiva acomulados de outro.
Os indícios noticiosos mais recentes revelam que Portugal está a caminhar para se tornar no Brasil da Europa. Estas notícias que parecem paradoxais, quase absurdas, não são mais que suaves brisas que antecedem os verdadeiros temporais.