
A primeira noite não tinha corrido nada mal. Sevilha tem mais diversidade, mas em terra estranha não há caras conhecidas o que é uma vantagem. A discoteca animou. Dançou-se animadamente, bebeu-se com vontade. Estranhei apenas que a gerência da casa não seja mais cuidadosa com as condições em que abre as portas de um local de diversão como aquele. Então não é que uma das salas da discoteca tinha as lâmpadas todas fundidas. As pessoas andavam lá às apalpadelas!? Uma vergonha! Fora isso o local é optimo para uma noite bem passada.
Na manhã seguinte era necessário acordar cedo, por isso por volta das 5 horas voltamos ao hotel. O funcionário da rent-a-car lá estava a fazer de despertador e às 9 horas ligou para o quarto. Já que estavamos acordados fomos ao pequeno-almoço e regressamos para repousar a beleza mais umas horas. Foi quase sempre assim: em 14 noites só tomamos 4 pequenos-almoços. Penso que vamos ser reembolsados pelo facto.
Por volta do meio-dia entramos no bólide alugado horas antes e partimos à descoberta da montanha. O carrinho estava cansado de subir tão alto e não passava dos 120 km/h mesmo em recta. Era mesmo a calhar para cumprir os limites de velocidade. Depois de nos perdermos uma boa dezena de vezes, lá encontramos a estrada para o Parque Natural do Teide. Confesso que estava com imensa vontade de voltar àquela paisagem estranha formada pela cratera do vulcão. Da outra vez o vento não me tinha deixado subir no teleférico até aos 3500 metros de altura, mas naquele dia, o tempo estava magnífico. havia dezenas de pessoas aguardando para fazer a subida. Enquanto esperavamos a fome deu sinal e pedimos algo para comer: café ( nós somos corajosos e persistimos na zurrapa espanhola) e uma fatia de bolo de maçã que estava na vitrine com óptimo aspecto. Mais uma experiência culinária na terra de nuestros hermanos: a fatia de bolo estava literalmente uma pedra de gelo! A conservação estava a ser feita abaixo dos 0 graus. Aquilo era um aviso do que nos estava para acontecer. No memento em que nos dirigiamos para o teleférico reparamos num papelinho que informava que no cimo do teide a temperatura era de 6 graus centígrados. Olhei para mim e reparei que estava em calção e de T-shirt, tal como o Shwasy. Fiz cara feia, mas reparei que havia muito mais turistas com a mesma farpela. Já no cimo o vento petrificava os pêlos das pernas e pouco faltou para começar a bater o queixo, mas valia a pena aquele mau estar: a paisagem era lunar. Parecia realmente estar noutro planeta onde só haviam pedras negras com ar agressivo, pequenas fumarolas e nem uma planta crescia no meio de tudo aquilo. Valeu arriscar uma queda no meio daquele mundo inóspito.
Depois descemos a montanha pelo lado mais distante, precisamente aquele por onde escorreu a lava da última erupção e lá seguimos nós pela estrada estreita atrás de um Guagua. Depois de muitas curvas chegamos a Icod de Los Vinos onde avistamos um drago que, dizem os cientistas, tem mais de 800 anos.
E foi esta o único passeio feito sem objectivos culturais e científicos ligados á comunidade gay das Canárias.