
Votei há uma semana, em Manuel Alegre, para presidente da Républica Portuguesa. Votei no candidato preterido pelo Partido Socialista pela coragem de avançar contra a traição de que foi vítima, pela atitude de rebeldia, pela mensagem patriótica a que sou sensível. Votei nele como um mal menor. Não o considerava o candidato ideal. Votei nele por puro interesse pessoal porque não me revejo nas ideologias de direita, embora pense que Cavaco Silva era o melhor candidato para o país, não o era para as minorias sejam elas quais forem por isso não teve o meu voto. Nenhum dos outros candidatos de esquerda me pareciam bons para Portugal de uma forma geral. Alegre pareceu-me o mal menor entre a minha consciência patriótica e os meus interesses particulares.
O candidato poeta obteve, surpreendentemente, mais de um milhão de votos e ficou baralhado! Não sabia o que fazer com eles. Precisou de tempo para pensar. É deputado e vice-presidente da assembleia da républica, mas não quer enfrentar o partido para já. Que fez ele? Meteu baixa médica. Um expediente tão usado pelos portugueses quando não estando doentes não lhes apetece ir trabalhar porque surgiu um imprevisto, um passeio, uma visita ou simplesmente porque não apetece. Os fiscais da segurança social sabem quantas falsas baixas médicas justificam faltas ao trabalho sem perder a remuneração. Ora o «meu» candidato foi caçar para o Alentejo e presidiu a reuniões do seu movimento de intervenção política e social estando de baixa! Para alguém que se propõe moralizar a vida política do país não foi um bom começo não senhor!
Se o senhor Manuel Alegre estava cansado, desgastado ou adoentado pelo esforço da campanha eleitoral, então ficava em casa a recuperar; não aparecia na assembleia, não organizava reuniões , não ía à caça! Não foi exercer a função para que foi eleito e para qual é pago pelo povo português, mas foi tratar da sua vidinha. Pretende então moralizar a classe política e a sociedade portuguesa! Com que cara?
Ninguém o avisou que Portugal não precisa de mais um Frei Tomáz?...