A procissão eleitoral avança, perturbando o descanço da gente de vilas e aldeis deste país. Os cinco, cinco não... seis andores já sairam do adro das igrejas onde repousaram nos últimos cinco anos, alguns; outros estiveram a apanhar pó um total de dez anos no altar! Ando, eu já saturado de ver os «santos» beijarem velhinhas, peixeiras e pescadores e continuo, dividido, sem saber em quem votar:
O eleitor nacionalista, que sou, que gosta profundamente do seu país e do seu povo, que vive dentro de mim, diz que devo votar em Manuel Alegre. Aquele discurso populista, demagógico de esquerda, que arranca do poleiro o Alberto da Madeira, e Souto Moura da procuradoria e dissolve a Assembleia se o governo privatizar a água da torneira, e onde a língua e a pátria estão acima de tudo merece o meu voto.
O eleitor preocupado, que sou, com a decadência económica que o país vive, com a necessidade de rigor e um pouco de autoridade que o povo português precisa e aprecia, diz que devo votar em Cavaco Silva, pois essa preocupação é minha também. O homem que não fala para não dizer asneira ou para a mosca não entrar, que a tudo diz «talvez»..., «não é hora»..., «os portugueses é que sabem»... que não se compromete para depois fazer tudo o que o seu conservadorismo provinciano lhe ditar do alto da sua arrogância, parece empenhado em ajudar o governo na continuação do esforço de nos aspirar as gorduras que acomulamos desde os tempos de Guterres e isso é razão para receber o meu voto.
O eleitor que sou aprecia a honestidade política, a frontalidade, que contesta o capitalismo selvagem que nos explora, que receia a globalização que nos rouba os empregos, faz-me inclinar para por a cruz à frente do nome de Jerónimo de Sousa. O homem é um ser humano empenhado na manutenção dos regimes cubano e norte coreano, tem saudades de antes de 1989, tirava-nos, se pudesse, da União Europeia e restituia-nos o escudo e tornava a Venezuela o nosso principal aliado. Defende dos pobres e necessitados deste país, logo é ele que deve obter o meu voto.
O eleitor que sou, empenhado na resolução dos problemas da terceira idade, comprometido com os políticos de carreira que não sabem fazer outra coisa nem aos 80 anos, profundamente preocupado com o futuro do clã Soares diz-me que devo votar em Mário Soares para lhe matar as saúdades que ele tem do poder.É quase um último desejo, salvo seja, que devo cumprir e conceder-lhe o meu voto.
O eleitor que sou, gay quanto baste, defensor das minorias étnicas, dos direitos dos imigrantes, dos deficientes, dos mais desfavorecidos, que aprecia a coragem política, a originalidade e a frontalidade de falar olhos nos olhos a quem quizer ouvir, diz-me que devo votar em Francisco Louçã. Além disso é o mais giro de todos. É um homem aguerrido que a ser eleito faria cair a Bolsa de valores para as ruas da amargura, colocaria o capital estrangeiro com a trouxa às costas, para lá da fronteira, vetaria grande parte das leis vindas do governo e da assembleia até que o país se tornasse ingovernável. Defende a legalização dos casamentos homossexuais com unhas e dentes, portanto é de Louçã o meu voto.
O eleitor informado que sou diz-me que devo votar em Garcia Pereira( Será que ele é mesmo candidato, não estou a fazer confusão com as presidenciais de há cinco anos?). Não sei porquê, mas o meu sexto sentido inclina-se a dar-lhe o meu voto.
É, venha o diabo e escolha que eu não sou capaz!!!!!!
Pelo menos por agora...
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