sábado, setembro 30, 2006

OS AMORES PERFEITOS


Os namoro de Cristiano Ronaldo e Merche Romero foi durante o verão, agora terminado, uma fonte de rendimentos para as revistas cor-de-rosa e para a namorada, certamente. Agora que o namoro se desfez todos lamentam o sucedido, mas continuam a facturar com o acontecimento. Merche perdeu imenso peso, a maior parte do qual na sua pochette que ficou mais vazia. O Cristiano não perdeu peso, antes pelo contrário, as suas contas voltaram a engordar, de tal forma que ele teve que ir às compras para evitar o início de um problema de saúde: obesidade mórbida das contas bancárias. As revistas espremem os últimos relatos de tão imensa tragédia que se abateu sobre ambos. Um amor perfeito que terminou para tanta gente.
Dentro de pouco tempo o nosso menino do Manchester vai ter novo amor e a menina da TV não vai perder tempo até encontrar alguém que precise manter elegante as contas lá no banco!

UM CALOIRO PARA O FUTURO


Há um novo caloiro na UA. Diz que daqui a 5 anos será mestre em engenharia biotecnológica. Espero bem que sim. Faz-me bem ao ego ter uns DR.`s na minha lista de amigos. Agora que o banco da minha irmã já a promoveu a doutora, mas o seu patrão diz que para ele fica tudo como antes: não contrata doutoras, contrata educadoras e pfiu, aumento de ordenado nem vê-lo! Mas voltando ao futuro mestre direi que ele merece e merecem todos os que vão esforçar com ele para que tal aconteça, nomeadamente a mãe.
Que inveja eu tenho de nunca ter sido caloiro universitário.

sexta-feira, setembro 29, 2006

AMAR POR OBRIGAÇÃO


O que nos faz acreditar que podemos conseguir o amor de uma pessoa que já não nos ama? Há mecanismos que a razão comanda, não os da afectividade. Não se ama por obrigação. Quem realmente ama pode compreender isto?
Pode-se racionalmente pensar que o correcto é continuar a amar o outro, mas como conseguir se o coração não responde? Quando se manipula aquele que se ama para que continue a amar-nos não obtemos mais que um prisioneiro que nos começa a odiar. Fisicamente ele pode estar perto de nós, porém emocional, afectiva e até racionalmente, o natural, é que esteja longe. Existe uma grande falta de comunicação entre a razão e a emoção. As duas não participam, uma à outra, os seus intentos o que gera conflitos internos com consequências imprevisíveis. Logo, ser retido no que de mais instintivo existe em nós que é a parte emocional só leva a conflitos de resultados muitas vezes trágicos para ambos. Quem ama liberta. O amor é altruísta quer o bem do ser amado. Isto é o amor ideal?! Como pode alguém que ama escravizar aos seus sentimentos o ser amado? O amor é possessivo e egoísta, este é o amor real de que os homens são capazes, e quando recusa que o amor tem que ser voluntário e espontâneo caminha para o seu contraditório: a rejeição.

NÃO HÁ ARGUMENTOS QUE OS DEMOVAM


Todos nós conhecemos alguém do tipo sabe tudo. Ele tem opinião formada e definitiva sobre qualquer assunto que se aborde. Entre os colegas de trabalho, entre os conhecidos ou amigos, na família há de certeza alguém que nunca tem dúvidas e raramente se engana. Basta que se pegue num assunto qualquer e sem margem para incertezas a sua palavra é a definitiva. Se matematicamente não puderes provar o teu ponto de vista então a discussão está perdida. Vais acabar calado a ouvi-lo fechar com remate certeiro onde tudo o que argumentaste não teve qualquer efeito prático. Tu até podes continuar a sentir que o teu ponto de vista está certo, mas desistes de argumentar por cansaço, não porque tenha ficado demonstrado que não tens razão.
Pois é, eu tenho um colega assim. Felizmente não trabalhamos no mesmo escritório, mas encontramo-nos regularmente. É daquelas pessoas bem dispostas e que têm sempre qualquer coisa nova para nos ensinar. Está sempre actualizado a todos os níveis, conhece sempre os últimos desenvolvimentos de qualquer acontecimento, polémica ou processo. O pior é quando tu também estás, e não te resignas a ouvi-lo explanar os seus conhecimentos e opiniões. Está tudo estragado. Vais ficar demasiado tempo a argumentar e não vais mudar um milímetro à sua opinião.
Hoje voltei a encontrá-lo e precipitei-me ao dizer que tinha batido o record mundial de velocidade entre Armação de Pêra e Faro. Não devia ter mencionado tal faceta: primeiro porque não era verdade e depois porque isso serviu de pontapé de saída para uma aborgagem em tom de reprovação sobre o risco de ser multado por excesso de velocidade na auto-estrada. Dizia ele que havia câmaras de controlo por todo o lado. Eu assenti que era verdade. Ele explicou-me onde estavam colocadas; eu disse-lhe que essas não eram de controlo de velocidade, mas de contagem de tráfego. Ele que não, eu que sim, porque era uma via de portagens virtuais e era assim feito a verificação do tráfego. Ele que não que a lei tinha entrado em vigor na semana passada. Eu concordei sem ter ouvido falar sobre o assunto, mas continuei a dizer que a disposição das câmaras não podia servir para passar multas de excesso de velocidade porque estavam colocadas na berma da estrada não podiam fotografar as matrículas. Ele que sim que me arriscava a perder a carta de condução se não tivesse cuidado. Senti que para além da argumentação pairava no ar uma certa incredulidade reprovatória sobre a minha ignorante posição: como era possível que eu, que faço, todos os dias dezenas de quilómetros naquela estrada não tivesse em conta a grave realidade que me estava a ser revelada. Desisti. Disse-lhe que sim, que não se preocupasse que tinha cuidado na condução e que ia ter essas câmaras em atenção. Isto é, as nossas opiniões não se moveram um milímetro em direcção à do outro, mas uma coisa ele consegui é que quando voltar à Via do Infante me lembre que o excesso de velocidade me pode fazer perder o meu mais precioso instrumento de trabalho: a autorização para conduzir e aumenta o risco de acidente.
Deixem-me dizer-vos que outros colegas me criticam por eu andar a entupir o trânsito na A22. Quem nem pareço um condutor que trabalha numa rent-a-car!

quinta-feira, setembro 28, 2006

QUANDO A ENGRENAGEM EMPERRA


Até ao início da idade adulta tudo parece transitório na vida das pessoas. Embora, muito do que acontece até esse momento marque definitivamente o futuro de cada um, tudo parece remediável e umas portas vão-se abrindo quando deixamos que outras se fechem. A escolha da profissão e do emprego e sobretudo da companhia para formar família, seja ela tradicional ou alternativa já é outra história. Estas escolhas tornam-se, teoricamente, definitivas. Não se muda de emprego, nem de família como quem muda de camisa. Pois é, depois os anos passam e a máquina começa a emperrar. Primeiro tentamos olear as engrenagens e por algum tempo tudo parece voltar ao normal: o emprego que se tinha tornado uma seca volta a fazer sentido; o casamento que já era uma carroça sem besta a puxar volta, temporariamente, a rodar. Passado algum tempo tudo se repete, cada vez mais amiude e nem a lubrificação resulta. A desmotivação para o trabalho e a monotonia do casamento começa a descarilar definitivamente.
É nesta fase que sonhamos todos os dias com o Euromilhões, com umas férias longas numa ilha do Pacífico e uma aventura amorosa de perder a cabeça. No fundo ansiamos algo que resgate a nossa vida do turpor em que a rotina das relações profissionais e afectivas a lançou.
O que falta na maior parte das vezes é coragem para dar esse passo em frente e romper com o que era definitivo e para a vida.

terça-feira, setembro 26, 2006

BENTO XVI - O INFALÍVEL


O infalível Bento XVI falou e disse aquilo que o mundo ocidental pensa sobre o Islão e não é de hoje, que assim pensa, como prova o documento que citou. o Papa abriu a boca e sabia exactamente o que queria dizer, afinal palavra de Papa é voz de Deus. Se não tivesse intensão devia ter buscado outro exemplo que demonstrasse as práticas da sua própria religião no tempo das cruzadas, da contra reforma ou da evangelização dos indígenas na época dos descobrimentos ou ainda as práticas da santa inquisição teriam sido mais apropriadas como exemplo e não lançava achas para a fogueira da intolerância islâmica. Mas, o Papa decidiu, e bem, pegar num documento, que sendo antigo, se mantém totalmente actual. Ele não desconhece a sensibilidade muçulmana ao tema que ia abordar e a polémica que iria levantar-se do outro lado do Mediterrâneo. O Cardeal Ratzinger teve «tomates» para dizer com todos os dentes que tem na boca aquilo que meio mundo pensa. Na prática afirmou que a religião fundada pelo profeta Maomé continua na Idade Média agarrada a conceitos ultrapassados, intolerante e protegida por actores fundamentalistas radicais que não desdenham usar a fé de um povo pouco instruido e submetido a regras socio-religiosas espartanas para confrontarem o mundo ocidental por «dá cá aquela palha».
Lamentável, como Durão Barroso disse foi a reacção dos líderes europeus que se esconderam e não soltaram uma palavra de apoio ao Sumo Pontífice. Devem ter julgado dispensável acrescentar algo à palavra inspirada por Deus. Afinal a doutrina da infalibilidade papal não foi revogada pela Santa Sé. Fica, então a sensação que os governantes ocidentais temem as reacções dos países islâmicos. Isso ficou.
Assim a estória das reacções às caricaturas de Maomé vão repetir-se à cadência que a liberdade de expressão o permitir e o mundo radical islâmico vir nisso interesse. O ocidente não está na Idade Média. Vamos permitir que nos sensurem com ameaças de violência? Até espectáculos de ópera já foram cancelados na Alemanha para evitar ferir a sensibilidade dos seguidores do profeta! A liberdade de expressão não vale nada para a civilização ocidental que possa ser tão vilmente ceifada por valores estranhos aos nossos?
A globalização arrastou, para o nosso dia a dia, problemas que nem imaginávamos! Este confronto entre duas culturas que vivem em tempos diferentes, mas geograficamente quase sobrepostos não estava nos planos dos defensores da globalização ou será que estava?

segunda-feira, setembro 25, 2006

O NOSSO IRMÃO MAIOR


Portugal consegui há 800 anos aquilo que as outras nações espanholas ainda hoje esbracejam por conseguir. A Ibéria sendo constituida por várias nações é um todo geográfico que estaria condenado a formar um único estado. Para o bem e para o mal uma das nações de Espanha tornou-se independente e nunca mais voltou, salvo por um curto período de tempo, no século XVII, a fazer parte da grande Espanha. É o nosso único vizinho, o maior parceiro comercial, o mais próximo cultural e afectivo que temos na Europa. São os «nuestros hermanos» que amamos e odiamos, ignoramos e invejamos. Portugal tenta demarcar-se de Espanha na sua tentativa de afirmação internacional. E tem que o fazer, cada vez mais, porque a visibilidade da potência vizinha, ofusca o pouco brilho do irmão pequeno. Não é por acaso que somos referenciados como uma província espanhola pela ignorância mundial.
Hoje, há muitos portugueses que lamentam que a História lhes tenha reservado um destino independente de Espanha. É fácil olhar para o lado e ver que seria melhor viver do lado de lá.
Mesmo que a esmagadora maioria não pense desta forma, Portugal presta uma espécie de vassalagem a Espanha. Não é por acaso que o nosso Primeiro Ministro fez a sua primeira viagem oficial a Madrid depois de tomar posse. Não é ao acaso que Cavaco Silva partiu hoje para a capital vizinha na sua primeira viagem oficial. Dependemos cada vez mais de Espanha a nível económico e a geografia não nos permite ter más relações com o caminho que nos liga ao resto da Europa. Por outro lado esperneamos cada vez mais para não nos confundirem com eles. A língua, a cultura que nos apróxima separa-nos ao mesmo tempo. Mas a nossa forma de estar no mundo perde por K.O. para a dos espanhois, sejam eles catalães, bascos, galegos, andaluzes ou simplemente castelhanos.

sábado, setembro 23, 2006

LEMBREI-ME DE MEU PAI

Já passaram quase dois anos sobre a morte do meu pai. De tempos a tempos recordo-o, sem especial saudade. Nunca fomos muito íntimos; melhor não éramos íntimos, éramos pai e filho, nada mais. A distância separou-nos definitivamente.
Aos quatro anos as dificuldades financeiras da família empurraram meu pai para França. Penso que lhe foi dolorosa a decisão. Não era pessoa para aventuras, nem de grandes ambições, nem amante de mudanças. Deve ter odiado viver em Paris. Nunca falamos sobre isso. Por outro lado, deve ter adorado viver segundo as suas regras sem dar satisfações a ninguém, aí somos muito parecidos. Preferiu viver anos sozinho a levar a família para junto de si. Foi um erro que acabou por custar caro a todos.
Ter pai um mês por ano soube-me a muito pouco. Nunca compreendi a sua opção. À medida que os anos foram passando esse mês, em que regressava, parecia-me cada vez mais desnecessário.
Enquanto criança o regresso a casa, de meu pai, para as tradicionais férias de Agosto, começou por ser uma festa, passou a ser uma perturbação e tornou-se num quase constrangimento! Adorava revê-lo, mas a distância que ele cultivava entre nós foi-nos afastando um do outro irremediavelmente, à medida que eu ia crescendo. A ruptura aconteceu num ano em que ele me trouxe de presente uma boneca, quase igual à que trazia para a minha irmã. Na distribuição de brinquedos da fábrica onde trabalhava, não havia nada melhor para me trazer que aquela boneca. Atrasou-se e quando foi buscar o brinquedo não havia nada de jeito. Pegou nas bonecas e trouxe, não tendo comprado nada de específico para mim. Apesar de tudo brincar com bonecas não me agradava. Fiquei chocado e desiludido. Depois de um ano o meu pai vinha e não me trazia um presente! Foi a negligência mais dolorosa da monha vida. Nunca chegou a saber o rasgo que essa decisão provocou na nossa relação.
No ano seguinte, quando chegou, não o cumprimentei. Ele também não se dirigiu a mim para o fazer. Já sentados à mesa, para jantar, fez, então, a acusação. Já nessa altura era muito orgulhoso, e não esquecia as maldades que me faziam. Ainda hoje é um dos meus grandes defeitos.
Todos os anos na noite que antecedia a partida de meu pai eu ficava doente. Ia para a cama mais cedo. Odiava a sua partida ( isto antes do episódio que vos contei). Era como uma traição que se repetia todos os anos. Sentia-me desprezado. Abafava o soluço do choro no lençol até que minha mãe escutava e vinha saber o que se passava. Eu disfarçava dizendo que tinha dor de barriga, ou então, adormecia, exausto com os olhos vermelhos de chorar. No dia seguinte a vida voltava ao normal. A perturbação que a sua presença provocava no nosso dia a dia terminava. O meu pai tornava-se uma presença longínqua que não perturbava a minha existência até daí a 11 meses.
Esta reacção negativa ao reencontro e o sofrimento que me causava a partida ainda hoje me perturba, porque não ficou bem explicada na minha mente. Não soubemos lidar com esta situação. Nunca falamos sobre o assunto e se o problema morreu com o seu regresso definitivo, nunca morreu no meu íntimo.
Lembrei hoje de meu pai porque vi num filme um reencontro entre pai e filho. Andavam desavindos, fazia tempo, mas o bom senso trouxe-os ao encontro um do outro. Esta cena se repetida mil vezes, mil vezes me emociona. Eu e meu pai nunca fomos capazes desse reencontro. Ele faleceu sem nunca termos discutido o assunto. Um pouco cinicamente creio que ele não tinha consciência da sua existência. Ele faleceu sem nunca nos termos perdoado. Nunca perdoei ter-me deixado longe dele vezes sem conta e ele não me perdoou ter desejado ir com ele quando era ele que não queria ir.

quinta-feira, setembro 21, 2006

RESGATAR UM CASAMENTO DO DIVÓRCIO!

Não tenho provas científicas, nem estudos académicos que avalisem a minha opinião sobre o estado de estar-se casado, mas cada vez mais casos verídicos comprovam que estou certo. A tese é a seguinte: O casamento atinge o seu ponto mais alto no momento em que os noivos dão o «sim»; essa palavra fatídica que dá inicio ao desmoronamento de uma relação que até aí se ia consolidando a cada dia. Após esse momento, para onde traiçoeiramente, são empurrados os namorados, é sempre a descer até ao divórcio ou até à indiferença.

Quando se chega ao «sim», na maior parte dos casos o estado de paixão já entrou na fase menos intensa do ciclo. O início das responsabilidades conjugais marca o declive de uma relação afectiva, na esmagadora maioria das vezes. Os votos matrimoniais representam o princípio do fim da diversão e o começo da confusão. Cada vez mais, se casa sem ler as letras miudinhas do contrato; aquelas que fazem prometer amar, honrar, acompanhar para sempre, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, até que... É melhor nem falar!
A promessa ingénua de tudo compartilhar choca, mais dia menos dia, com os desejos privados. A vida em comum entra em conflito com a necessidade de espaço próprio para ser feliz. Os deveres do lar não se compadecem com as saudades da vida de solteiro, dos amigos, dos bares e cafés para cultivar amizades antigas ou modernas. A habituação das responsabilidades matrimoniais desperta, pouco a pouco, os desejos carnais. Enfim a mudança que o casamento exige é drástica e quando não foi bem maturada é quase suicida.

O enlace matrimonial com todo o seu peso institucional é uma má solução para uma vida a dois desde a invenção do divórcio. Escapar pela porta larga do divórcio tornou-se uma tentação tão banal que ninguém leva a sério os votos do casamento. Melhor, faz-se do casamento um estado temporário entre duas fases da vida de solteiro: a inexperiente e a experiente, a pré e a pós nupcial. Toma-se o casamento como o momento da vida para gerar herdeiros, calar a boca à família, assentar um pouco da vida dissoluta de adolescente. É uma experiência transitória que dura enquanto falta a coragem para pôr fim à suspensão temporária e digamos voluntária das liberdades de solteiro.

Manter um casamento nestas condições é um acto heróico de auto sonegação dos direitos e liberdades básicas de um ser humano. Salvar o casamento é um acto, ainda mais, heróico de altruismo para com o companheiro e de sabedoria superior. Se casar é uma atitude revolucionária que, normalmente, resulta em saturação e frustração, dar a volta ao texto e tentar salvá-lo é ainda mais revolucionário, pois implica conseguir o quase impossível: uma dupla mudança de atitude, de mentalidade, sentimental, emocional e cultural de ruptura com muito do que é suposto, segundo as convenções, regular as relações matrimoniais. Abrir um relação tradicional de papel passado de forma a resgatá-la do divórcio nada tem de simples e rápido. Desde logo é preciso começar a engolir muito orgulho de macho latino, dominar ciúmes, cultivar a clarezade ideias, conciliar expectativas, manter o respeito e reprimir o preconceito: uma missão hérculea. Só uma relação bem alicerçada no companheirismo, no respeito mútuo e num amor à prova de bala consegue o milagre da sua salvação. Dirão, cépticos, que há casamentos que não operaram tal revolução e sobreviveram até ao fim, mas de que modo? Em que condições? Assentes na resignação, no conformismo, na sujeição e negação dos desejos básicos de que não conduzem a um bem estar duradouro semelhante à felicidade, mas a uma resignação parecida à frustração e à apatia.

Quem isto escreve não tem a menor experiência em casamento de papel passado, mas sabe o quanto preza a sua liberdade!

sábado, setembro 16, 2006

UM DIA QUASE PERFEITO


É por causa de dias como o de hoje que eu não dispenso o Algarve em Setembro. Um sol persistente, uma temperatura saudável, um ar limpo e cristalino, com uma suave brisa a cheirar a mar. Não aproveitei a manhã, mas não se pode ter tudo, a noite, embora fresca, foi generosa. Quem quer as estrelas não pode desfrutar do pequeno almoço na cama, não é?! Acordei, então, directamente para o almoço numa esplanada junto ao Gilão, rodeado de gente bonita, na sua maior parte estrangeiros que aproveitam o sol desde cedo. Um jornal para ler das misérias e glórias deste mundo e nem o telemóvel me podia incomodar (ficou esquecido na desarrumação do quarto). Sem compromissos, senti que tinha todo o tempo do mundo para contemplar a armonia da praça nova da República, da gente que passava, do rio, saborear o sumo de laranja como se fosse o último...
Repassava as páginas do novo Expresso quando um mapa mundo muito distorcido me chamou a atenção. Era o mapa que demonstrava a forma como o mundo «engordou» nos últimos 30 anos. E só vos digo que engordou de forma monstruosa: um hemisfério norte obeso, sobre-alimentado com a América, a Europa e a Ásia a rebentarem pelas costuras, na cabeça (América), no peito (Europa) e nas ancas (Ásia), mas a manter uma cinturinha muito esbelta (a Europa de leste não engordou). O hemisfério sul esquelético: as perninhas muito magras na América Latina e ainda mais na África! A saúde deste mundo não vai nada bem. Esta deformidade não se pode aguentar por muito tempo sem que o mundo dê um grande trambolhão.

INTERRUPTOR

sexta-feira, setembro 15, 2006

O CARROSSEL DO REFERENDO CHEGOU


Iniciou-se hoje, de novo, o carrossel que vai levar à realização do referendo sobre a despenalização do aborto. Lá para Janeiro, num Domingo frio e chuvoso, os portugueses serão chamados, como já foram uma vez, a dizer se querem continuar a assistir ao folclore de mulheres em tribunal por terem abortado, outras que vão ao estrangeiro fazer o mesmo, outras que se socorrem de açougueiros para fazer o mesmo a baixo custo e a alto risco para as suas vidas.
Não estou optimista quanto a um resultado positivo. Milhões de eleitores não se vão dar ao trabalho de sair de casa para expressar a sua opinião. Vai estar frio e chuva, e depois isso é coisa para gente nova sem dois dedos de testa. Se não querem ter filhos usem os métodos contraceptivos e pronto. Depois há aqueles militantes anti-aborto, instruídos nos púlpitos das igrejas que irão votar contra, quer faça chuva, quer faça sol. Vamos gastar um dinheirão para não resolver nada como da outra vez. Razão tem o Partido Comunista que queria resolver o assunto com a legitimidade da Assembleia da República.
Pelo menos vamos ter os portugueses mais esclarecidos sobre o tema. Se depois irão decidir é que tenho muitas dúvidas. Os problemas das minorias, eles que as resolvam, não metam toda a gente ao barulho. E o problema do aborto não sendo de minorias, é-o porque só afecta directamente uma parte da população durante uma parte da sua vida.
Oxalá que os portugueses me enganem desta.

quinta-feira, setembro 14, 2006

A VERDADE INCONVENIENTE


Estreou hoje, em Portugal, o filme/documentário: A verdade Inconveniente. Comentado pelo ex-futuro presidente dos Estados Unidos da América Al Gore é um filme que promete despertar consciências. A avaliar pelo comentário do nosso Secretário de Estado do Ambiente após a visualização do filme este trabalho pode despertar quem tem poder para a questão ambiental. O nosso país teve um Verão escaldante, com vários dias de temperaturas muito acima do normal, teve um Inverno muito frio (lembram-se de nevar em Lisboa e no Algarve?). As consequências de uma política de desenvolvimento económico à custa do equilíbrio ecológico vão começar a sentir-se a breve prazo de forma violenta e não daqui a algumas gerações como pensam as cabeças pensadoras do Sr. Bush, e de muitos outros que mandam neste mundo. Ele que continue a brincar às guerras dos bons contra os maus no Afeganistão, no Iraque e no Irão e esqueça que a maior guerra está por travar contra as intempéries causadas pelos desmandos da política de desenvolvimento do mundo actual e dos U.S.A. em particular.

quarta-feira, setembro 13, 2006

3287 DIAS DEPOIS

Sinto que temos razões para nos sentirmos orgulhosos de ter chegado até aqui. O aqui são 9 anos de vida partilhada. Chegamos om todos os percalsos, dificuldades, vivicitudes, alegrias e tristezas que dão sabor à conquista. A tentação de terminar e ir à procura de novidade, frescura e vigor surgiu com o passar do tempo, mas o apelo do companheirismo, a lembrança de coisas passadas e o acreditar no muito que ainda está por vir têm sido mais fortes. Com algum savoir faire, outro tanto de imaginação, uma pitada de paciência e teimosia quanto baste tem feito com que o prato da balança se incline sempre para o mesmo lado: para o lado da cumplicidade, do companheirismo, porque não do amor?
As más linguas que se roam de inveja.
Parabéns a nós!

terça-feira, setembro 12, 2006

PALAVRAS LIDAS

«A Oficina de São José» é uma instituição sem projecto educativo, com uma liderança retrógrada e obscurantista.»

«Não tem saber nem condições para implementar um trabalho educativo que as crianças que ali vivem necessitam. Falar em maus tratos nem sempre é falar de violência física. Há outras formas.»

«Não há conversa nem socialização. É um mundo segregado. Fazem-nos viver num gueto.»

«Nunca quiseram técnicos. Só admitiram porque a Segurança Social os ameaçou de fecho.»

«Os monitores não têm preparação e a Oficina nunca esteve interessada em dar formação.»

Palavras de Cidália Queiroz - Directora da Associação de Solidariedade Social: Qualificar para incluir.

Só para recordar: desta instituição sairam as crianças que torturaram e acabaram por matar a transsexual brasileira Gisberta, que vivia como sem abrigo na cidade do Porto.

domingo, setembro 10, 2006

OS BONS E OS MAUS


A civilização ocidental sempre dividiu o mundo entre bons e maus. Este pensamento maniqueísta sempre fez do homem ocidental o bom e do que não partilha dos seus valores civilizacionais o mau. A incompreensão ou a ignorância do outro faz-nos temê-lo ou ignorá-lo.
Nos tempos mais recentes foi assim até com povos que nos eram culturalmente próximos. A guerra fria colocou-nos do lado certo e os comunistas do outro. Os filmes do James Bond fizeram-nos acreditar que assim era.
Nós nunca fomos os maus, mesmo quando dizimamos os povos indígenas na América ou em África, quando expoliámos dos seus recursos naturais populações inteiras, quando escravizamos os nossos semelhantes.
A nossa cultura tem arrogância de menosprezar culturas que não partilham os nossos valores civilzacionais, sobretudo os religiosos.
Nunca olhamos para os outros como seres que têm família, filhos a quem amam como nós amamos os nossos. Pessoas que trabalham, que tem amigos, que têm uma vida tal como nós. Os maus são pessoas de carne e osso como nós, que só querem viver em paz. O muro de Berlim e a cortina de ferro cairam e tivemos consciência que somos iguais a eles; os «comunas» não tinham chifres, nem comiam criancinhas! Entretanto tudo se conjugou para que outro muro se levantasse. Agora temos os muçulmanos como os maus da fita. O nosso ódio de estimação está de volta. Do outro lado do Mediterrâneo não há quem queira ver crescer os seus filhos, quem queira uma vida tranquila, não há quem saiba amar ou deseje viver em paz.

sábado, setembro 09, 2006

QUEM PAGA?

Quando o Iraque invadiu o Kowait a comunidade internacional obrigou o país de Sadam Hussein a pagar os danos causados. É lógico que o agressor pague a factura da sua irresponsabilidade.
Israel, quase por capricho diriam os desentendidos na matéria, decidiu invadir o Líbano e fez questão de destruir grande parte das suas infra-estruturas de comunicação: aeroportos, estradas, portos, caminhos de ferro, sistemas de saneamento, escolas, hospitais, enfim a base de subsistência de um país moderno. Adivinhem quem vai pagar a reconstrução? Israel? Isso é que era bom! Não, a comunidade internacional, ou seja os nossos impostos vão ser usados para reconstruir o que o estado de Israel não teve pejo em destruir.
Há países filhos e países enteados, do país do tio Sam, entenda-se. A comunidade internacional tem dois pesos e duas medidas: os países amigos da América podem destruir que nós pagamos; os inimigos, se destroem, pagam eles. Nada mais justo e equilibrado! Israel pode avançar com os desvarios bélicos que quiser que não paga nada.
Os países amigos dos americanos fazem uma «vaquinha» e levantam os destroços para que daqui a algum tempo os israelitas possam voltar a destruir, se lhes apetecer.

sexta-feira, setembro 08, 2006

PERSEGUIÇÃO HOMOFÓBICA

A Espanha aceitou como «refugiadas políticas» duas mulheres colombianas lésbicas, que estavam a ser perseguidas, atacadas e ameaçadas de morte, no seu país devido à sua orientação sexual. Niyiret R. e Sandra C. afirmam ter sido alvo de diversas ameaças levadas a cabo pelo grupo paramilitar «Autodefesas Unidas da Colômbia».

In Diário de Notícias de 08-09-2006

SUPER MAXI


O Super Maxi, que é amigo do Perna de Pau e brinca com o Épa fez 30 anos. Parabéns ao meu gelado favorito. Recordo com saudades o verão de 76 quando espuliava o porta-moedas da minha mãe de 2$50 (Escudos) e ía com o Samuel à Fuzeta, na bicicleta vermelha, lamber um dilicioso Super Maxi, junto da praia dos Tesos. Fiz a colecção dos cães de raça e dos animais selvagens no ano seguinte a 25 tostões cada um, como se dizia na época.

sábado, setembro 02, 2006

A POLÓNIA DEMOCRÁTICA


O povo polaco, democraticamente, elegeu o seu governo e o seu presidente. Curiosamente são dois irmãos gêmeos com ideais de direita a que os radicais da franja xenófoba, homofóbica, anti-semita e ultra conservadora se têm agarrado como uma lapa. Mal ou bem têm imposto ao país os seus ideais pouco democráticos e as minorias que têm ao longo deste ano a sofrido as suas investidas, pouco mais pode fazer que reclamar diante da comunidade internacional, nomeadamente das instituições da União Europeia. Afinal a UE afirma-se uma união de estados democráticos onde prevalecem os direitos humanos e o respeito pelas minorias e seus direitos como garante da igualdade de todos os cidadãos europeus. Amén.
O presidente em exercício desta Babilónia recebeu recentemente o Primeiro-ministro ou o Presidente do governo, acho que ele não ficou a saber de qual se tratava. Não tem importância; o importante é que quem lá foi disse que os estrangeiros tem os seus direitos respeitados na Polónia, que os gays têm liberdade, tal qual os outros cidadãos e os judeus não se devem preocupar com a sua segurança. A Polónia é um estado democrático que respeita os direitos humanos. Não sei se em Bruxelas, Durão Barroso ficou convencido, mas tenho uma vaga ideia de em tempos Adolf Hitler ter sido eleito democraticamente e ter governado com o apoio do seu povo até que...
Bem não quero exagerar nem fazer demagogia barata dizendo que os dois irmãos estão a conduzir o seu país no mesmo carril, não! Mas estranho que um povo que viveu sob uma ditadura marxista durante tanto tempo e lutou como nenhum outro para dela se libertar que agora não reconheça os sinais dos totalitários de extrema-direita. O povo não tem memória tem impulsos e interesses.
Felizmente a Europa é outra e a História não se repetirá, pelo menos enquanto a extrema-direita com pezinhos de lã não for, passo a passo tomando democraticamente o poder. O Sr. Le Penn continua à espreita de uma oportunidade e depois outros se lhe seguirão.
Convém estarmos alerta, não vá o diabo armar das suas!

sexta-feira, setembro 01, 2006

PISCAS PARA QUÊ?


O preço dos automóveis em Portugal poderia ser mais barato. Não, não é o que estão a pensar: os impostos podiam dar uma grande ajuda, mas a minha sugestão vai noutro sentido. Ora vejamos: há extras que equipam os carros de origem que os condutores pagam, porém raramente ou nunca usam logo podiam poupar o custo desse equipamento e ganhar no preço. Basicamente reiro-me ao sistema de indicadores de mudança de direcção, os «pisca-piscas». Os portugueses por receio de os estragar, devido ao desgaste por uso excessivo ,poupam-nos, e mesmo em ultrapassagem, mudança de direcção, encosto para parar ou estacionar evitam accionar o sistema. Ligar os quatro piscas quando se para onde não se deve, mau estacionamento ou situações de risco também é frequente ver que preferem não abusar do seu uso.
Se os importadores dessem esta indicação aos fabricantes podia-se ter automóveis mais acessíveis aos bolsos dos portugueses! Pelo menos poupava-se no preço dos piscas!

E SETEMBRO CHEGOU! QUE BOM!


Depois de um problema de saúde grave, do PC, não meu, estou de volta.
Durante este período em que não pude compartilhar convosco as minhas preocupações e interesses aconteceu algo extraordinário, que muito me alegra: acabou o mês de Agosto! Há 31 dias que ansiava o anúncio oficial da chegada do melhor mês do ano, pelo menos para mim. Perguntam vocês, porquê, Setembro ser o melhor mês do ano? Primeiro porque é ele que acaba com os piores 31 dias que se repetem sem apelo nem agravo a cada 12 meses. Não tenho nada contra o oitavo mês do ano, só não gosto da confusão que ele provoca no Algarve, do excesso de trabalho, do calor infernal, da falta de estacionamento, das filas nos cafés e restaurantes, de portugueses com ares importantes a falar, por vezes de forma ridícula a língua de Victor Hugo misturada com expressões lusófonas que não encaixam no discurso afrancesado, enfim é um mês em que preferia ir de férias para longe. Principalmente por estas razões adoro o mês de Setembro, quando o caos dá lugar à ordem; o tempo arrefece um pouco e as praias e os lugares ganham um encanto que parecia destruído para sempre. Este é por natureza um mês romântico do regresso à escola, aos amigos, quando as folhas começam a cair e o tempo ganha contornos mais suaves e já apetece ir ao cinema, e as noites crescem para dar tempo ao amor e ao sono.
Neste mês renasce a esperança e a crença nos Homens depois da impaciência que me governa por todos os dias que percorrem o mês maldito em que me sinto invadido e perturbado na minha qualidade de vida que, felizmente, regressa durante os restantes dias do ano. Não é por mal. Gosto de ver o Algarve cheio como um ovo, mas não podia ser de forma menos violenta e mais disperso ao longo do ano? Não! Então paciência, daqui a 11 meses estou outra vez a reclamar contra o rapto da minha qualidade de vida durante 31 dias (ainda por cima são 31, não podiam ser só 30?).