quinta-feira, julho 26, 2007

A DECADÊNCIA DAS SOCIEDADES LIVRES II

Afirmar que as sociedades asiáticas e islâmicas são sociedades ascendentes no panorama mundial parece-me uma verdade elementar. Estas sociedades estavam, e algumas ainda estão, no fundo da escada do progresso sócio-económico e cultural por isso elas só podem estar em ascensão. O crescimento demográfico como sinónimo de pujança social parece falacioso quando vemos que os países com maior crescimento demográfico são precisamente os que mais dificuldade têm para educar e alimentar os seus filhos e aqueles que ultrapassaram essa dificuldade estão hoje preocupados em limitar o crescimento das suas populações. Não quero com isto dizer que a quebra da população europeia não seja preocupante e não seja necessário encontrar soluções urgentes para o retrocesso do fenómeno, que não me parece venha a incluir a proibição da prática de sexo anal, hetero ou homo. Olho para a coesão social das sociedades orientais e islâmicas e que observamos: a família como alicerce, numerosas, onde o divórcio é quase desconhecido, mães solteiras não chegam a sê-lo e o casamento uma instituição que ignorar é ficar marcado negativamente. É isto que defendem os que acusam as nossas sociedades de decadentes? O regresso ao passado onde a felicidade de cada um é zero, ao lado do interesse da nação de ter soldados para fazer a guerra ou mão-de-obra disponível para enriquecer os capitalistas? As sociedades ocidentais com toda a decadência anunciada continuam a ser as mais prósperas e avançadas do mundo, modelo de bem estar a atingir. A inovação tecnológica e cultural não nos chega dessas sociedades que se dizem alicerçadas no temor a Deus e na moral religiosa. Dessas sociedades chega-nos o fanatismo, o terrorismo, a mão-de-obra barata e excedentária pouco qualificada, muito explorada, sem direitos, cujos filhos alimentam o sonho de emigrarem para o seio das sociedades ocidentais ditas decadentes, onde grassam as famílias monoparentais, as mães solteiras, os divórcios, os homossexuais, as drogas, etc, etc.

As sociedades pós cristãs enfrentam um problema de envelhecimento da sua população e uma revolução no conceito de família. O bem estar individual sobrepõe-se ao interesse colectivo. São sociedades egoístas e pouco solidárias as que estamos a construir por ausência de valores e princípios. É com certeza resultado do vazio que a ausência de Deus deixou nas nossas vidas. Mas não me parece possível vir a repor Deus no lugar que ocupou durante séculos. Há que encontrar alternativas e dar aos povos uma ética com princípios baseados num sistema credível e justo e respeitável, não em fundamentos religiosos desajustados ao século XXI.

O matrimónio perdeu o apelo que exerceu durante milénios e os filhos deixaram de representar segurança na velhice por isso as famílias numerosas são raras e pouco racionais à luz das exigências da vida moderna. Tudo isto é decadência aos olhos de quem não consegue perspectivar a sociedade sem ser pelo canudo da moral tradicional. Creio que esta evolução, a que muitos chamam decadência, contribui para uma sociedade mais livre, mais inovadora, mais justa e mais segura. Afinal as nossas sociedades são as mais pacíficas do mundo e as mais pacíficas de sempre, as economicamente mais equilibradas, as socialmente mais solidárias e as mais livres de sempre. Nem todos concordarão porque há muita injustiça, miséria, violência, exploração, mas faça-se uma comparação geográfica e histórica e estou convicto que os resultados confirmarão o que afirmei. O reverso da medalha é o decréscimo da população, mas esse problema deve ser encarado de forma pragmática como vários estados já o estão a fazer com bons resultados. Não obriguem os sodomitas a fazerem filhos, nem os condenem à morte para solucionar o problema da natalidade. Eles são o bode expiatório para o problema não a causa dele. A decadência moral dos povos deve-se ao facto da moral religiosa tardar em ser substituída por outra. As nossas sociedades estão a fazer o ajustamento à falta de Deus. Obrigar Deus a regressar e voltar às práticas medievais seria um retrocesso imperdoável para o progresso d a humanidade.

Subjugar o individuo aos interesses da sociedade é um trambolhão enorme na evolução das sociedades modernas pela castração das liberdades conquistadas com a derrota dos sistemas ditatoriais de esquerda e direita na Europa do século XX. A vitória das Democracias representou também a vitória da dignidade do Homem através do respeito pela sua identidade e liberdade. Negar o direito à liberdade do individuo é revogar os valores da Democracia. Quem defende essa negação sabe que pretende o regresso aos sistemas políticos que marcaram a humanidade durante longos anos do século passado e que só quem deles beneficiou os pode querer de volta.

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