domingo, julho 16, 2006
HOJE CHEIRAVA A ALGARVE!
Hoje cheirava a Algarve. O Algarve tem um cheiro secreto que só oferece a quem chega de fora por barco ou avião. Quem vive no Algarve só de forma muito suave consegue usufruir desse dom em dias de Verão muito secos e quentes como o de hoje.
Passei quase toda a minha vida nesta região do sul e apenas em 1989 descobri que o Algarve tinha um odor secreto que os residentes de tanto usufruir não tinham consciência da sua existência. Em 1988 conheci um alemão com quem acabei por compartilhar a vida nos cinco anos seguintes, que desde 1981 passava férias perto de Faro. Foi ele que me falou no cheiro magnífico desta região. A princípio julguei que brincava comigo, mas quando vi que falava a sério dei comigo a pensar se não estava a exagerar. Afirmava ele que ao descer do avião no aeroporto de Faro era invadido por uma sensação de bem-estar que lhe entrava, literalmente, pelos pulmões. Era um perfume silvestre que inundava o ar com a fragrância das giestas misturada com o rosmaninho da serra e com o sabor do mar, logo ali ao lado; misturava o amarelo das marcelas da Ria Formosa e o sabor do tomilho com a brisa salgada do oceano e o quente das dunas. Dezenas de outras plantas que crescem selvagens pelo barrocal e serra algarvia fundem-se num perfume penetrante e saudável como se tivesse sido cuidadosamente preparado em Grasse.
Eu não o sentia, não sabia sequer que existia. Tinha que sair do Algarve e regressar de avião. Conhecemo-nos em Abril e em Junho fui de férias a Colónia, visitá-lo. Viajei, na extinta Air Atlantis (Quem se lembra desta companhia charter portuguesa?). Regressei num Domingo, quente de Julho, e que formidável sensação foi, ao dar o primeiro passo para descer do Boing 737, sentir-me inundar por uma sensação de estar a entrar numa loja de perfumes onde a fragrância era uma miscelânea de odores meus conhecidos, mas nunca antes misturados. Percebi a forte impressão que aquela experiência causava a quem chegava ao Algarve para férias: era como chegar a um paraíso natural onde o cheiro urbano saturado de cheiros mecânicos, dava lugar a uma poderosa sensação de natureza virgem e selvagem.
A minha terra cheira a natureza viva.
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