quarta-feira, abril 12, 2006

NOSTALGIA DA PLANÍCIE ALENTEJANA

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Vivi entre 1990 e 1993 na cidade de Beja. Aos fins-de-semana descobri a planície do mar à fronteira e do Algarve até ao Tejo. Conheci milhares de recantos e lugares onde jamais voltarei porque os espaços naturais anónimos, só se visitam uma vez. Voltar lá é quase impossível quer pela dificuldade em encontrá-los quer porque o que lá se encontra passado algum tempo já não é o que estava antes. A natureza transforma os espaços de um dia para outro enquando a vida se renova numa mutação constante. Ganhei uma cumplicidade com a planura alentejana que nunca mais se perdeu. Há recordações que ficaram para sempre: um campo invadido por várias dezenas de cegonhas brancas perto de Castro Verde em plena Primavera de 92, numa concentração nunca antes vista é a imagem que mais recordo ao viajar pelo Baixo-Alentejo. Existe na estrada para Serpa, depois de Baleizão, uma elevação suave, quase montanha, do lado direito encimada por um Salgueiro cujo conjunto mais parece um a pintura naturalista que impressiona pela harmonia exemplar da sua disposição . A descida para o Guadiana na aldeia do Pomarão com o Chança do lado espanhol emparedado pela barragem e do outro lado velhos Eucaliptos abrigando enormes ninhos de cegonhas brancas que parecem ao alcance da mão, pois a copa destas árvores pouco ultrapassa o nível da estrada que desce para o rio onde em tempos se carregava em barcos o minério de São Domingos. O Pulo do Lobo, quem nunca ouviu falar? Monsaraz, Amareleja, Moreanes, Sobral da Adiça, Ervidel e tantas outras terras que por uma razão ou outra marcaram a minha passagem pelo Alentejo.

Hoje fui a Beja. Não pude deixar de ficar impressionado com a beleza do plaino verdejante de um Inverno razoavelmente chuvoso, colorida pelas flores silvestres endémicas da região, os rebanhos pastando, os sobreiros, os vinhedos...
Um descanço para os olhos e para a mente a sensação de tranquilidade e de harmonia oferecida pela paisagem fresca e bucólica de um Alentejo puro e ainda tão verdadeiro.

Uma delícia para quem gosta da vida à alentejana! Uma ternura!

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