Esta gente está completamente marada! Querem que o governo baixe o ISP para poderem continuar a queimar gasolina e que a minha mãe, que andou metade da sua vida escachada nas cangalhas de uma burra para ir buscar água ao poço da estrada, ajude a pagar a manutenção dos seus ilustres traseiros escachados nos bancos de cabedal dos Audis dos Mercedes, importados da Alemanha, para chegarem aos seus locais de trabalho com a mesma presunção de sempre?
Que decretem boicotes à Galp e à BP acho óptimo. Façam-nos cair de cima dos seus lucros milionários, porém que sejam os portugueses que andam a pé, de bicicleta e de transportes públicos, para não falar os que não andam ou andam em cadeiras de rodas a pagar esse luxo: isso é que não! Vão-se catar!
Está na hora de regressar à terra, de fazer contas, de viver de acordo com o que dita a carteira de cada um. O tempo de sustentar vícios a dinheiro de plástico está-se a esgotar. Está na hora de ir ver o que sobrou debaixo do colchão.
Não é por acaso que, não tendo esta crise do subprime muito a ver com Portugal, tenhamos sido nós a sentir mais dolorosamente as suas consequências. A economia mundial constipou-se e os sintomas sentimos nós; os juros sobem e as dividas chegam-nos ao pescoço, os custos do petróleo subiram em espiral e nós a comprá-lo todinho ao estrangeiro, os produtos alimentares inflacionados e nós a comprar no exterior mais de 50% do que comemos! Será que nem para semear batatas servimos? Estamos como nos tempos do império: só que agora já não vem o ouro do Brasil. Não há milagres ou se os há são fruto de muito trabalho, suor e algumas lágrimas. É tempo de voltar a assentar os pés no chão. Passos em falso temos dado quanto baste nos últimos tempos. Se não temos um governo que olhe por nós temos que ser nós a olhar pelo governo. Sem dinheiro para continuar a acelerar nas avenidas e auto-estradas com o carrinho, então há que dar corda à imaginação e encontrar alternativas.
E o melhor de tudo é que não vai ser preciso descobrir de novo a pólvora. É hora de melhorar os transportes públicos e informar os portugueses que há comboios, autocarros, barcos e metro para chegar ao trabalho. É tempo das câmaras municipais criarem condições para o uso em segurança dos velocípedes que temos na arrecadação.
E o melhor de tudo é que não vai ser preciso descobrir de novo a pólvora. É hora de melhorar os transportes públicos e informar os portugueses que há comboios, autocarros, barcos e metro para chegar ao trabalho. É tempo das câmaras municipais criarem condições para o uso em segurança dos velocípedes que temos na arrecadação.
Somos dos povos de Europa que menos anda a pé e que menos usa a bicicleta nas suas deslocações. Criem-se ciclovias urbanas, locais para deixar as bicicletas e vamos conseguir matar dois coelhos de uma só cajadada: poupar combustíveis e pôr os portugueses a fazer exercício . O tempo em que para íamos tomar café a 200 metros de carro chegou ao fim. Só uns privilegiados acéfalos poderão continuar a fazê-lo. Reduz-se a poluição. Cumpre-se as metas do protocolo de Kyoto. Melhora-se a balança comercial do país, porque se bem me lembro todo o petróleo que queimamos é importado. Afinal matam-se uns quatro ou cinco coelhos com uma só cajadada.
Quando os preços começaram a disparar até olhei para o lado positivo do problema e pensei que agora a industria ia investir em tecnologias alternativas aos combustíveis fósseis. E isso era óptimo. O processo está a decorrer, mas vai demorar. Um dia tinha que acontecer.
Que acções de protesto impeçam as gasolineiras de continuar a enriquecer com o aumento dos preços do petróleo é uma atitude mais do que sensata e que demonstra que temos capacidade de intervenção e que não fazem de nós gato-sapato, (já basta que deixemos os políticos fazê-lo!)agora que queiram subsídios estatais para continuarem a andar de carro já me parece um pouco de comodismo a mais e até muita falta de inteligência. Se queremos continuar a hipotecar o futuro do país para garantir os passeios de fim-de-semana então não contem comigo que eu vendo a minha casa e vou morar ali para o outro lado do Guadiana.
Está na hora de encontrar meios alternativos de locomoção. Não se vai inventar nada: eles já existem. O difícil vai ser mudar os hábitos e combater o comodismo. Deixar o carro na garagem e esperar pelo comboio ou pegar na bicicleta para ir ao café vai tornar-se muito popular nos próximos tempos, apesar dos protestos. Os primeiros sintomas da mudança já se notam. Há mais bicicletas nas ruas e arriscava-me a dizer: menos filas nas estradas. Falta agora o empurrãozinho das câmaras e do governo com as ciclovias e melhores transportes públicos.
Vai ser brutal!
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