Fernanda Câncio é uma jornalista que devia dispensar apresentação aos portugueses em geral e aos homossexuais em especial. Mas como o país tem fama de não ler jornais, nem publicações com muitas letras, talvez valha a pena entrar primeiro no link da Wikipédia que deixei logo a abrir o texto. Para os que aqui chegam, diariamente, vindos de longe, então é mesmo aconselhável, desde que conheçam a língua de Saramago, porque o artigo só está disponível em Português. Por várias razões, esta mulher, tem despertado a atenção dos portugueses. Uns adoram-na outros odeiam-na, como não podia deixar de ser. Uns poderiam, sem dificuldade erguer-lhe um pedestal outros querem, à força, que se cale. A sua frontalidade, a marcação cerrada ao pensamento acomodado que é patrocinado pela forma de estar deste país, provavelmente também o facto de ser mulher e livre pensadora e ainda o facto de privar ou ter privado, na intimidade, com o poder executivo arregimentaram muitos críticos e detractores da sua actividade jornalística. O receio das suas opiniões e da sua influência tentou evitar, por exemplo, que desse a cara num programa televisivo ajudando, ainda que remotamente, a provocar a demissão do líder do principal partido da oposição. Mas nem o próprio Primeiro Ministro está a salvo das suas opiniões críticas e da sua independência intelectual. Percebe-se que é uma mulher que não faz favores à mediocridade instituída.
Se muitos aplaudiriam que fosse deportada, sem regresso possível, para a ilha da Tasmânia, os homossexuais deste país começam a ter para com a jornalista Fernanda Câncio uma dívida de gratidão que nunca terão condições de pagar na totalidade. Estou seguro que ela também não quer pagamentos por conta. Mas, mesmo assim, as organizações de defesa dos direitos dos homossexuais deviam iniciar desde já uma campanha de recolha de fundos para, lá mais para meio do século, erigirem no jardim do Príncipe Real um monumento em que agradecerão tudo o que ela fez pela causa homossexual na Lusitânia. Na minha opinião os seus trabalhos jornalísticos, os seus artigos de opinião publicados no Diário de Noticias e no blogue 5 dias têm feito mais pela comunidade gay e lésbica portuguesa que muitas organizações de homossexuais ao longo de todos os anos da sua existência e do que todas as paradas gays que já desfilaram pela Avenida da Liberdade.
Eu não recusarei o meu contributo para tão justa homenagem. No DN de hoje, mais uma vez, se pode ler um magistral artigo que comprova o importante papel desta mulher na defesa da comunidade GBLT. Sob o título: «O QUE HÁ NUM NOME?» escreve um artigo de opinião incisivo e duro a propósito do já aqui comentado estudo sobre a sexualidade dos portugueses. De leitura indispensável.
Obrigado Fernanda Câncio. Os gays portugueses precisam de muitas mulheres como você, porque sozinhos não são capazes?!
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