NOGÓCIO POR MEDIDA

Os meus colegas são as «melhores coisas que tenho no mundo», salvo seja. Hoje quando cheguei ao escritório um deles, o empresário adiado, tinha mais uma proposta de negócio verdadeiramente tentadora para me fazer. A todo este empreendorismo não é alheia a instabilidade profissional que vivemos em virtude da reestruturação porque passa a empresa onde já acomulamos vários anos de trabalho. Não há dia em que a sua imaginação não invente um negócio daqueles de nos deixar milionários num estalar de dedos.

Hoje o projecto de nos deixar como o Tio Patinhas na sua caixa forte era um pouco mais ousado do que os outros e por isso talvez mais imaginativo e utópico.

- Chefe, disse o Nuno, naquela forma respeitosa de se me dirigir, que nunca conseguiu evitar, apesar dos meus pedidos, a Villa Domilu está à venda.Referia-se a um pequeno hotel, quase do género turismo de habitação perto da vila do Carvoeiro, concelho de Lagoa.

- Então o novo dono não teve unhas para tocar aquela guitarra? Perguntei.

- Parece que não, aquilo está à venda. Era um negócio óptimo para nós. Esclareceu.

- Para nós? Eu surpreendido. - Vocês imaginam quanto vale aquilo? Nunca menos de 5 milhões.

- Yá, deve ser caro, mas era o ideal para fazer um hotel só para gays e lésbicas. Resguardado, discreto, perto da praia... Era um paraíso para gays com papel curtirem umas férias à maneira, não era chefe?

Não consegui conter o riso. De imediato comecei a imaginar como seria. Pensei na animação e logo imaginei o Nuno a improvisar o streep para entreter a exigente clientela. Mas depois achei muito violento e lembrei-me, não sei por que carga de água, que o ideal era ele alternar o espectáculo com o outro colega que trabalha no Carvoeiro. Seriam sucesso garantido. A gaja assumiu logo o controlo da caixa para evitar as borlas. Creio que se referia a mim: não fosse eu trocar uma noite bem passada pelo valor da estadia. Parece parva: trabalho é trabalho, conhaque é conhaque!

A ideia não era desprovida de sentido empresarial. Só nos falta o dinheiro para investir. Se houver um investidor escondido entre vós disposto a apostar na nossa iniciativa, deixe contacto na caixa de comentários, por favor. Nós tratamos do resto. Só nos falta mesmo o «papel», imaginação para ganhar dinheiro, pelo menos ao Nuno, não escaceia. Estou convencido que à falta de um profissional competente para o streep, era homem para assumir a responsabilidade: desde que fosse interdito tocar-lhe, ele fazia-o.

Confesso que adoro aquela trupe que me orgulho de ter escolhido para trabalhar comigo. Tornam a minha vida muito mais divertida e suportável. Um dia sentirei falta deles, da mesma forma que lá ao dobrar a esquina da vida sentirei falta da juventude.