segunda-feira, março 24, 2008

PROMISCUIDADES

Os escândalos sexuais são acontecimentos cada vez mais mediáticos. Nos dias que correm a conduta sexualmente imoral do vizinho, da figura pública, do político ou do padre ganha uma relevância nunca vista. Em tempos idos os pecados de alcova nas côrtes europeias eram reprovados e comentados, mas não passavam disso: pecados a que a própria igreja fechava os olhos. A vida dos que conhecemos interessa-nos, seja por falta do que fazer, seja por acharmos que as élites têm obrigação de se comportar com a dignidade e o decoro que nós, reles mortais, não somos capazes (eu pecador me confesso). Os líderes políticos e religiosos ou as figuras públicas foram feitas do mesmo barro que o homem comum. Mas a sociedade em geral não perdoa os deslizes, as traições ou as perversões daqueles que deviam ser exemplares.
A mim conforta-me saber que afinal somos todos feitos de carne e osso. À população em geral isso não basta. Se estão nos lugares de topo então têm que ser impolutos e dar o exemplo. Exigimos isso deles e eles fazem-nos a vontade. Não que possuam uma moral sexual imaculada, mas se lhes é exigida, então o mais fácil é aparentá-la, e defendê-la em belos discursos intitulando-se arautos e defensores de princípios morais rígidos. Adornam-se, por imposição popular, com o manto e a aura dos deuses que não vacilam perante tentações carnais: bem feito: para nós que exigimos deuses e para eles que fingem ser deuses.
O caso do governador de Nova York é o exemplo mais recente dessa dialéctica exigência/fingimento. Um homem a quem se exigia uma conduta moral sem mancha, finge ser imaculado. Nos tempos recentes chefes religiosos americanos caíram na mesma armadilha. Normalmente quanto mais radicais são na defesa dos princípios morais, mais fracos são a resistir-lhes. Veja-se o exemplo dos pastores baptistas homofóbicos que foram apanhados com a boca na botija, ou lá o que lhe quiserem chamar! O ex-presidente Bill Clinton quase foi trucidado pela mesma dialéctica. Escapou por pouco.
Não sei por quê, mas o macho humano é menos resistente às tentações do sexo e mais difícil de contentar. Tenho a sensação que se não aquece lençóis alheios, não é por falta de vontade, é quando muito, por falta de coragem ou de oportunidade. Pelo menos a avaliar pelas conversas de amigos que estão sempre a ponto de cometer uma infidelidade com aquela vizinha, boa como o milho, que até lhes faz olhinhos quando se cruzam.
As nossas sociedades esperam que a mulher seja o contra-peso em termos de conduta sexual. Aos homens tudo se permite. À mulher não. Ela tem o dever de resistir aos avanços masculinos. A mulher é a última esperança da sociedade de controlar a tendência natural, para a promiscuidade masculina. O casamento e o inferno estão a fracassar: as mulheres têm que resistir. Não fosse o comportamento sexual feminino, ferozmente incentivado pela igreja, a estrutura social baseada na estabilidade das relações matrimoniais já teria desabado. É por esta razão que a mulher ainda tem um longo caminho a percorrer até que a moral sexual a liberte deste papel absolutamente fundamental para preservar a família tradicional.
O homem continua a trazer nos seus genes o impulso para copular com tudo o que mexa e assim garanta a sua herança genética. A mulher procura a segurança de um macho que garanta o sustento de uma família quanto mais numerosa melhor. Há aqui uma contradição que muitos querem aparente, mas que a mim parece bem real. Uma boa razão para acreditar que a luta feminina pela igualdade sexual está apenas na pré-história.
Deus criou o homem à sua imagem e semelhança; logo criou a mulher de uma costela do homem. Parece mentira que assim tenha sido (lol). A mulher como criatura a partir do homem devia estar em harmonia com ele e do ponto de vista sexual parece haver um desfasamento que se torna quase conflituoso. Não podia Deus ter sido mais rigoroso com a vida sexual dos humanos? Como diria uma pessoa que bem conhece destas coisas: «Ganda maluco!» Deus foi um «ganda maluco» na forma como criou dois seres que se devem completar e afinal são tão diferentes na forma como encaram o sexo, a procriação e a família. Ou será que foi de propósito? Ou melhor a implementação e preservação de comportamentos sexuais diferenciados serve a quem? Durante séculos foi possível disfarçar o problema. A igreja teve um papel fundamental, mas por quanto tempo mais será possível aguentar as pontas?
Embora não seja exclusivo do macho, a busca de diferentes parceiros sexuais parece ser algo enraizadamente masculino. Não conheço nenhum que não esteja disposto, pelo menos em teoria ou de língua, como queiram, a saltar a cerca. Todos não: conheço um ou outro que não faria tal coisa (Não sei se por impotência sexual, se por receio do divórcio ou se é mesmo uma questão de princípio).
Eu que conheço todos os tipos de homem(!), vou comparar apenas dois tipos: o homossexual e o heterossexual. Ambos estão, com as devidas excepções, sempre prontos para uma aventura sexual. A diferença fundamental entre eles é que para uns a ventura está logo ali, para os outros onde o Diabo perdeu as botas! Os homossexuais são vulgarmente catalogados como extremamente promiscuos, enquanto os heterossexuais como pais de família. Se eles no âmago são idênticos o que faz a diferença? Sem querer vasculhar todas as razões, e sem critérios científicos diria, para começar, que aos primeiros não se lhes permitem formar uma família reconhecida como tal, depois são empurrados para guetos onde encontram dezenas de iguais com a testosterona a fervilhar nas veias, logo a resistência ao sexo é mínima. Enquanto os segundos têm a obrigação de manter a sua relação monogâmica, e sobretudo não encontram alguém disponível para uma relação sexual a cada esquina, a não ser que haja dinheiro envolvido e no gueto onde a hipocrisia social o permite. Atirar para cima dos homossexuais o estigma da promiscuidade é fácil porque eles, na realidade aproveitam bem as oportunidades de sexo que se lhes deparam. Não complicam. Assumem que procuram sexo e fazem-no. Os outros querem sexo, mas a sociedade montou uma teia de pudores, preceitos e preconceitos que os impede de facilmente conseguirem consumar o acto. Os homossexuais livres desses enredos chegam lá com grande facilidade.
Onde trabalho fala-se muito sobre sexo e já por diversas vezes temos chegado a esta conclusão: se a «gaja» quiser sexo basta dizê-lo ao ouvido a um homem, se eu quiser sexo basta procurar no lugar certo, se o heterossexual solteiro quiser sexo o mais provável é que tenha que pagar para o ter, se não quiser esperar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Uma palavra: BRUTAL

Anónimo disse...

Thanks for the Tibet!
Kiss