terça-feira, fevereiro 05, 2008

A FREIRA, O PADRE, A PUTA E MAIS DOIS

Os três dias de Carnaval chegaram ao fim; os dois dias da minha, aliás, da nossa vida continuam. Que Deus os conserve. E digo isto porque hoje muito boa gente interrompeu um dos seus dois dias de vida para se recuperar do segundo dia de Carnaval. Não foi seguramente o meu caso, que isto de me mascarar de condutor «cool« tem as suas vantagens, sobretudo no dia seguinte, porque no próprio dia carece de piada.
Por uma questão de bom senso decidi que me ia manter em condições de conduzir os meus colegas de folia em segurança de e para casa e pelas ruas de Albufeira. Os outros quatro, todos dispostos a rebentar com a noite, não se fizeram rogados. Nem o facto de um deles se deslocar sobre tacões a que não estava habituado os impediu de fazer jorrar chots de vodka pelas goelas abaixo até às 7 da manhã.
O que teve de bom não ter bebido é que acordei, hoje, sem dor de cabeça, e em condições de assistir ao almoço de família, conforme planeado. Acontece que quando cheguei, o almoço estava praticamente terminado. Devia ter dormido até me dar ganas e esquecer o galo no forno em família. Ficou a lição. O mau de não beber é discernir todas as barbaridades encharcadas em vodka e em cerveja, de sentido lógico duvidoso que se escutam sem as poder contrariar. Sim porque aqui na terrinha diz-se que aos malucos e aos bêbados não se deve contrariar.
Os disfarces não eram por aí além originais: uma freira, um bispo e uma puta. «Queimamos» a Gaja, na sua «aldeia». Diz ela que nos próximos 12 meses não deve aparecer em público. Concordo. A ironia daquele traje de freira deve ter dado que falar durante o dia de hoje e por toda a santa Quaresma. O padre, muito sóbrio, com o Kamasutra gay para usar na catequese era de todos o menos entusiasmado. Brincadeiras de Carnaval nunca foram a minha praia.
A puta, mais parecia uma marafona, um travesti de quinta categoria no final de show no «The Best of», uma mulher da vida que chegou ao fim da noite sem ganhar um cêntimo, depois de ter passado a noite rotunda abaixo rotunda acima. Há dias assim. Ficou o gozo de ter realizado um fetiche antigo. Para não repetir tão cedo, espero eu, que não gostei, nem gosto de ver um homem vestido de mulher, muito menos o meu homem.
Foi, contudo, uma noite para ficar de recordação. Valeu em especial pelos dois companheiros que de surpresa se juntaram a nós e ajudaram a melhorar a noite, e muito mesmo. Não há coisa melhor que conviver com gente que está de bem com a vida e guarda os sonhos, a alegria e a inocência que rodeiam os 20 anos.
Guardo das conversas da noite uma declaração de defesa do amor com aquela limpidez. clareza e idealismo de quem tem toda a vida pela frente. O amor é tudo o que conta e tudo o que nos resta. Se desistirmos de buscar o amor a vida de nada vale. Temos que o procurar incansavelmente porque ele existe. Podemos equivocar-nos e concluir que afinal ainda não o encontramos, então não temos alternativa senão continuar a busca do amor verdadeiro que nos está destinado. Ninguém deve desistir do amor, porque ao fazê-lo está a desistir da própria vida. Não foram estas as palavras proferidas, mas foi assim que as entendi. Foi o momento alto da noite, sem dúvida.
Obrigado Anox e Paulinho pela alegria que emprestaram ao nosso Carnaval.

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