quinta-feira, fevereiro 21, 2008

ARISTIDES SOUSA MENDES (1885 - 1954)


Aristides de Sousa Mendes foi, em 1940, Cônsul Geral de Portugal em Bordéus, França.
Formado em direito pela Universidade de Coimbra, foi um advogado de posses, originário de uma antiga família aristocrata, tendo representado Portugal em missões diplomáticas no Brasil, em Zanzibar e nos Estados Unidos. O exército de Hitler tinha entrado em Paris e uma multidão temendo as tropas nazis debandara para o sul, na tentativa de abandonar a França. O destino era a cidade do sudoeste francês, na margem do rio Garonne, onde um visto português podia assegurar-lhes uma passagem pela Espanha até Portugal, declarado país neutro quanto ao conflicto que alastrava pela Europa. Daqui almejavam obter um passaporte ou um visto para chegar à América. Salazar tinha ordenado às suas embaixadas a recusa de vistos de saída para russos, exilados políticos portugueses ou quaisquer judeus.

Milhares de refugiados que chegavam a Bordéus dirigiam-se ao apartamento do Cônsul Geral Português, esperando conseguir os vistos. Sousa Mendes, com grande compaixão, decidira desobedecer às ordens de Salazar e ele, com a ajuda de dois filhos, escreveu à mão cerca de 30.000 vistos para salvar o máximo possível de refugiados das garras nazis. Cerca de dez mil desses refugiados eram judeus. Cita-se esta frase dita por ele: "Tenho de salvar estas pessoas, quantas eu puder. Se estou desobedecendo ordens, prefiro estar com Deus contra os homens, que com os homens contra Deus."

O resultado dessa corajosa acção foi ter sido chamado a Lisboa, mas no caminho ainda parou em Bayonne e passou mais vistos à mão, salvando assim outros mil refugiados. Quando chegou a Lisboa foi multado, destituido do cargo e proibido de exercer a profissão de advogado. Ficou condenado a ter de vender todos os seus pertences pessoais para continuar a alimentar a família. Morreu em 1954, sem dinheiro e ainda em desgraça.

Aristides Sousa Mendes foi o nosso Oskar Schindler. Eu diria que foi mais que aquele pois não lucrou com o salvamento dos perseguidos de Hitler, antes acabou por hipotecar a sua vida a ponto de a ter terminado na miséria.



Foi inaugurado no passado dia 19 o Museu Virtual Aristides Sousa Mendes que merece bem a nossa visita e a nossa reflexão sobre a coragem deste homem que livrou dos campos de concentração nazis milhares de refugiados.

2 comentários:

Anónimo disse...

passa pelo nosso blog e deixa a tua opinião.

Faz hoje 2 anos que assassinaram brutalmente a GISBERTA no Porto.

http://mirandelagay.blogs.sapo.pt

obrigado

Flávio disse...

Aristides Sousa Mendes é o maior português de sempre e honrar a sua memória é um dever cívico de todos. Obrigado pelo texto e pela referência ao Museu Virtual. Mais textos sobre Sousa Mendes:

www.a-bomba.blogspot.com