domingo, janeiro 13, 2008

TEMPOS DE MUDANÇA

A falta de sol no Inverno faz de nós lagartixas abrigadas debaixo das telhas do alpendre. A chuva convida a ficar em casa. Quem não pode ficar em casa, por ter a horrorosa obrigação de fazer figura de corpo presente no local de trabalho (eu), acaba revolvendo pensamentos que por falta de tempo para deles se ocupar escondem-se lá no fundo do fundo dos «miolos». Não foi bem o meu caso hoje. Não tivemos ainda dois dias de sol seguidos este ano. Ao sol de ontem seguiu-se hoje um dia de céu turvo e com choro ao final da tarde. Estive a trabalhar ao som da rádio Comercial e sem actividade que me aquecesse. Esqueci «O Codex 632» em casa e não tive alternativa senão arrumar as tralhas que atafulham o escritório para me entreter.

Não foi preciso ir ao fundo do fundo para dar comigo novamente a avaliar o que tem sido o meu desempenho como funcionário desta empresa que agora, numa manobra arriscada - para nós, para eles não, certamente - vamos ser «emprestados» a uma desconhecida entidade patronal que causa os maiores arrepios no futuro de todos nós. Conferi o que tenho dado a esta empresa e senti a consciência tranquila. Senti-me recompensado na mesma proporção. Até aqui valeu a pena. Daqui em diante só Deus Nosso Senhor sabe, como diria qualquer velhinha de xaile negro a esconder os brancos cabelos de viúva.

Olhando para os tempos mais recentes, a consciência inquietou-se. O querer tem vindo a perder a força, a motivação fenece, o empenho ganha raízes. Não tenho dado o meu melhor, reconheço. Não sei se podia usar com propriedade o aforismo popular: «Amor com amor se paga!»

Tenho pressentido o ano de 2008 como ano de grandes mudanças tanto a nível pessoal como profissional. Não sei se para melhor se para pior. As cartas estão lançadas!
Aqueles que nos rodeiam fazem de tudo: tanto nos são imprescindíveis como nos atrapalham. Há nos nossos relacionamentos, sejam familiares, amigos ou conhecidos, uma tendência inata para se aproveitarem das nossas fraquezas e das nossas virtudes, ainda que com a melhor das intenções. É a natureza humana em velocidade de cruzeiro. Já fiz alguns estragos na minha vida. Não posso permitir que os que me estão mais próximos estraguem o resto.

Tempos de mudança!


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