É a capacidade de chegar às encruzilhadas da vida e fazer escolhas que nos permite viver vidas únicas. Mas o mais fácil é não escolher e continuar em frente. A opção entre virar para um ou outro lado tem riscos. Muitas vezes o certo está em seguir em frente, (fazer 45º pode ser demasiado perigoso) mas essa não pode tornar-se prática repetida sob pena de a banalizarmos retirando à existência toda a emoção da aventura e do risco.
Há, naturalmente, quem se vicie no alto risco e escolha a cada cruzamento a opção mais perigosa. Talvez por provocação, por revolta ou pelo desespero de viver, mesmo sabendo que a próxima escolha pode ser a última é essa que escolhem. É uma vida de excessos e de conflitos que desafia a sua continuidade, pelo menos como era vivida no dia anterior.
Do lado oposto temos os que não arriscam nada. Seguem o manual de instruções da vida certinha e virtuosa de tal maneira que não põem a hipótese, sequer, de agir contra o que lhes foi definido como o certo, o bom, o correcto. E a vida torna-se previsível e chata como se tornam as acções que carecem do factor surpresa, aventura, risco (mais uma vez) e atrevimento.
A vida é essa caminhada até à morte, mas o que lhe dá conteúdo é a busca da felicidade enquanto se percorre o caminho. Os ingredientes da felicidade variam de pessoa para pessoa. Viver com inteligência reside na capacidade de escolher os ingredientes certos na dose certa. Quantas vezes pensamos que era «aquilo» que nos ia fazer felizes e afinal foi uma desilusão e continuamos a busca. Há quem pareça só fazer as escolhas erradas e há aqueles que nunca erraram por medo de escolher. Mais que daqueles que não acertam eu sinto pena daqueles que nunca escolhem. Ver uma pessoa passar pela vida ao de leve, de manual de instruções na mão direita e uma lanterna na outra para não tropeçar, nem se magoar ou, pior ainda, não desagradar aos outros deve ser pessoalmente doloroso.
Seguramente, viver não é assim tão pouco. Quem quer passar a vida sem se magoar ou desagradar aos outros vive pela metade. Quem segue as receitas pelo livro nunca será um grande cozinheiro. O toque pessoal de cada um é fundamental para proporcionar o sabor aos dias de cada um. Quem adopta o livro de instruções à letra, como poderá temperar a sua vida dos sabores que ela pode ter? A que saberá a vida se não formos nós a dosear o sal e a pimenta a gosto?
1 comentário:
o que as nossas conversas produzem...
espero que este texto ajude as pessoas a compreender que muitas vezes o certo para todos pode ser o errado para nós próprios.
a nossa felicidade pode passar por contextos que aos olhos alheios serão alvo de condenação...mas se não arriscarmos a oportunidade passa e a dúvida vai sempre persistir...
por isso, um brinde,a quem tenha coragem de remar contra a maré, será, por certo, mais feliz dos que só sabem pensar pela cabeça dos outros...
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