Uma afirmação estranha e muito abstracta. Seria capaz, eu? Alguém será capaz e de amar pela estética do acto? Amar apenas pela beleza do gesto? Quem ama apenas por amar?, numa abstracção sentimental que parece não ter alvo nem objectivo concreto?
Só Deus ama pela beleza do gesto. O homem tem dificuldade ainda que uns poucos por carácter e muitos outros temporáriamente possam ter essa capacidade. Seria um amor puro, desinteressado, genuino e verdadeiro e por isso pouco humano. O ser humano precisa de amar e ser amado. O amor do Homem não é ingénuo nem desinteressado, muito pelo contrário é mais uma busca de equilíbrio interior, de satisfação pessoal de realização afectiva que depende da sua retribuição. Amar sem esse propósito pode ser belo, mas a prazo será frustrante e desajustado.
Quem se presta a esse gesto verdadeiramente divino de amar sem expectativa de retribuição? Quem ama quer ser amado. O amor como estética de vida não estará para além das capacidades humanas? Não sei porquê, mas receio que sim.
A mim amar pelo simples gesto de amar sabe a pouco: a capacidade de amar em abstracto parece estar longe de mim, no concreto sim, sei amar, talvez não como as pessoas esperam que ame, mas sei amar...
«- Já amaste pela simples beleza do gesto de amar?»
Em As Canções de Amor, um filme de Christophe Honoré
1 comentário:
LES CHANSONS D'AMOUR de CH.Honoré é um filme a não perder.
Sublime.
Subversivo até na amostragem do amor, não enfatizando o género nem a sexualidade. É efectivamente o 1º filme do século 21.
Fala-se de amor, e tudo o resto é periférico.
Simplesmente GENIAL, só é pena mesmo, ser musical. Porém, creio que a subtileza dele está no disfarçe musical para fazer passar a mensagem.
MAD
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