«Santuário dedicado a Zéfiro e São Miguel
O Monte Figo, também denominado cerro de São Miguel, é uma elevação com 410 m, situada no concelho de Olhão (Algarve) a 8 km da costa.
Constituiu, juntamente com o vizinho cerro da Cabeça (Moncarapacho), o complexo de culto pré-cristão mais importante do Algarve Central e Oriental, ao longo da Proto-História e Antiguidade.
Santuário marítimo de montanha, farol diurno e oráculo meteorológico, foi provavelmente dedicado primitivamente pelos navegadores fenícios provavelmente a Baal Saphon, talvez ainda antes do século VIII a.C.
A interpretação grega posterior desta dedicação, talvez no século VI a.C., consagra-o ao vento Zéfiro divinizado.
O seu uso como santuário durante a Antiguidade Romana está comprovado por vestígios bem conservados (em 2003) de uma via que subia ao seu cume, com um troço inferior em calçada de lajeado canónico e um superior escavada na rocha, rematado por muros de suporte na face exterior. A extrapolação deste troço conservado liga o Monte à cidade romana de Balsa, localizada a 11 km, revelando tratar-se de um lugar de culto desta cidade.
Os aspectos primaveris do culto local, com uma provável origem pré-romana, sobreviveram até à actualidade com um notável arcaísmo nas celebrações populares do 1º de Maio.
É, porém, muito provável que a sua função de farol marítimo se tenha tornado predominante e que a via tenha servido para alimentar um facho de sinalização nocturna que aí terá existido. É esta memória ou tradição de farol, ainda hoje mantida entre os pescadores, que pode melhor justificar a sua dedicação posterior a São Miguel.
De facto, pensa-se que esta dedicação poderá ter ocorrido após o Séc. VI, por provável influência bizantina, e que se pode associar a conversão de faróis-santuários dedicados a Lúcifer/Phosphoros, divinização do planeta Vénus, entidade condutora dos mortos e dos marinheiros, portadora de luz no meio das trevas, que é prontamente assimilada sincreticamente às funções psicopompas do arcanjo São Miguel, protector e condutor das almas recém-falecidas.
Mantém-se assim ao longo dos séculos a funcionalidade religiosa de monte, dedicado a uma divindade protectora dos marinheiros durante as tempestades. »
Para ler todo o artigo sobre o assunto visite no Imprompto o trabalho do arqueólogo Luís Fraga da Silva de onde retirei o que acabaram de ler: Monte Figo I: O Santuário
Este monte domina a paisagem do Sotavento algarvio e o facto de viver a meio caminho entre o mar e esta montanha de onde se avista o Algarve desde Albufeira até Punta Umbria, em Espanha, dá-me o prazer de o sentir um pouco meu por me ter permitido ver o meu Algarve de cima, tantas vezes, por ser um refúgio perto o Céu, para meditar e descansar.
O Monte Figo, também denominado cerro de São Miguel, é uma elevação com 410 m, situada no concelho de Olhão (Algarve) a 8 km da costa.
Constituiu, juntamente com o vizinho cerro da Cabeça (Moncarapacho), o complexo de culto pré-cristão mais importante do Algarve Central e Oriental, ao longo da Proto-História e Antiguidade.
Santuário marítimo de montanha, farol diurno e oráculo meteorológico, foi provavelmente dedicado primitivamente pelos navegadores fenícios provavelmente a Baal Saphon, talvez ainda antes do século VIII a.C.
A interpretação grega posterior desta dedicação, talvez no século VI a.C., consagra-o ao vento Zéfiro divinizado.
O seu uso como santuário durante a Antiguidade Romana está comprovado por vestígios bem conservados (em 2003) de uma via que subia ao seu cume, com um troço inferior em calçada de lajeado canónico e um superior escavada na rocha, rematado por muros de suporte na face exterior. A extrapolação deste troço conservado liga o Monte à cidade romana de Balsa, localizada a 11 km, revelando tratar-se de um lugar de culto desta cidade.
Os aspectos primaveris do culto local, com uma provável origem pré-romana, sobreviveram até à actualidade com um notável arcaísmo nas celebrações populares do 1º de Maio.
É, porém, muito provável que a sua função de farol marítimo se tenha tornado predominante e que a via tenha servido para alimentar um facho de sinalização nocturna que aí terá existido. É esta memória ou tradição de farol, ainda hoje mantida entre os pescadores, que pode melhor justificar a sua dedicação posterior a São Miguel.
De facto, pensa-se que esta dedicação poderá ter ocorrido após o Séc. VI, por provável influência bizantina, e que se pode associar a conversão de faróis-santuários dedicados a Lúcifer/Phosphoros, divinização do planeta Vénus, entidade condutora dos mortos e dos marinheiros, portadora de luz no meio das trevas, que é prontamente assimilada sincreticamente às funções psicopompas do arcanjo São Miguel, protector e condutor das almas recém-falecidas.
Mantém-se assim ao longo dos séculos a funcionalidade religiosa de monte, dedicado a uma divindade protectora dos marinheiros durante as tempestades. »
Para ler todo o artigo sobre o assunto visite no Imprompto o trabalho do arqueólogo Luís Fraga da Silva de onde retirei o que acabaram de ler: Monte Figo I: O Santuário
Este monte domina a paisagem do Sotavento algarvio e o facto de viver a meio caminho entre o mar e esta montanha de onde se avista o Algarve desde Albufeira até Punta Umbria, em Espanha, dá-me o prazer de o sentir um pouco meu por me ter permitido ver o meu Algarve de cima, tantas vezes, por ser um refúgio perto o Céu, para meditar e descansar.
Mas lembro-o sobretudo por ter sido um lugar para amar nos tempos em que não tinha uma casa minha e era um certo Fiat Punto ou um Citrôen Saxo que se tornavam ninho de amor na encosta do Cerro de São Miguel. Muitos amantes continuam a procurar o testemunho das estrelas para amar e este monte é um lugar previligiado para se amar enquanto cá em baixo o Algarve dorme ou se diverte nos bares e night clubs junto ao mar.
Quem visita o Algarve, ao passar pelo nó de Olhão da A22, devia sair da auto-estrada e seguindo em direcção a Moncarapacho, tomar a estrada que leva ao cimo do monte e aí contemplar a linha de costa desde Huelva até Albufeira, demorando-se nos recortes de areia das ilhas da Ria Formosa, deixar-se iluminar pela brancura das cidade costeiras de Tavira, Olhão e Faro seguir com o olhar o serpentear da Via do Infante por entre a flora mediterrânica interrompida por pomares, ora de laranjeiras ora de amendoeiras, voltar as costas ao Atlântico e saltitar com os olhos sobre os montes da Serra do Caldeirão quase até ao Alentejo. Aproveitar para respirar fundo e encher os pulmões do cheiro a Estevas e Rosmaninho, ouvir o canto dos Pintassilgo , dos Pisco-de-peito-ruivo e das Toutinegras que esvoaçam por entre a vegetação formada por arbustos e alfarrobeiras que a secura da encosta não deixou crescerem. Uma meia hora no cimo do cerro é quanto basta para presentear os sentidos com uma orgia de sensações que nenhuma cidade do mundo pode oferecer.
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