
A educação sexual que se recruta aos jovens portugueses nas escolas é o espelho da tacanhês e displicência com que a sociedade portuguesa prepara o seu futuro. Nenhum governo até hoje apostou em ministrar aos estudantes informação e educação sobre condutas e práticas sexuais capazes de prepararem os jovens para uma vida sexual activa consciente. Ou por falta de preparação dos professores, ou por falta de material pedagógico, ou por falta de tempo, ou por falta de vontade, ou por mero laxismo (qualquer desculpa é válida) a educação sexual nunca foi levada a sério entre nós. Como bom país católico que somos, ao que se junta o olímpico desleixo nacional, preferimos rezar a Fátima e dizer depois logo se vê quando se trata de preparar uma nova geração para nos tornar um país melhor, mais justo e mais próspero.
Não é por acaso que «produzimos» cada vez menos crianças e «produzimos» cada vez mais crianças de alta vulnerabilidade social. A taxa de natalidade não é suficiente para assegurar a renovação da população, mas o número de crianças fruto de relação voláteis ou até de relações «one night stand» não para de aumentar. O número de crianças em risco é assustador para uma sociedade que precisa, como do pão para a boca, de gerações que garantam a estabilidade social, a produtividade económica e a sustentabilidade da segurança social.
A sociedade portuguesa se fosse minimamente responsável patrocinava uma sexualidade consciente de forma a minimizar os problemas sociais trazidos por uma geração que comporta no seu seio cada vez mais elementos nascidos e educados em situação de risco. Quando se nasce em condição de inferioridade a probabilidade de vir a usufruir de condições de igualdade é muito baixa. A corrida pelo socesso fica viciada desde o berço e a igualdade de oportunidades é uma miragem exaltada por políticos sedentos de votos. Ainda que não fosse por valores mais dignos, pelo menos deviamos pensar na nossa reforma que definitivamente fica ameaçada se ficar nas mãos de filhos frutos de relações instáveis, educações descuidadas e jovens em risco.
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