CONSUMIDOR COMPULSIVO

Ainda ontem aqui deixei registada a minha opinião sobre a sociedade de consumo e os seus riscos pessoais e sociais. E não é que hoje entrei no supermercado para comprar aquelas coisas básicas que devo ter em casa. São mesmo básicas, porque eu não faço refeições em casa, por isso as minhas compras resumem-se a fruta, iogurtes, queijo e presunto, artigos de higiene pessoal e para a casa, nem pão foi necessário comprar, já que a sogra faz questão de me dar um pão caseiro, feito pela avó do shwasy. Não há melhor pão no mundo, diga-se. O problema não está neste tipo de consumo. O meu problema é que logo junto à entrada os hipers expõem todos os luxos a que eu tenho dificuldade em resistir, a saber: livros, revistas, DVD`s, CD`s! Já ouvi falar desta patologia que parece não ter cura fácil.
O tempo para ler não é assim tanto, digamos que leio um livro por mês, mas compro 4, 5 ou mais! não chego a ver um filme dos que compro por semana, mas há dias em que trago no cesto 3 ou 4! Com os CD`s não é um problema de tempo. Passo muito tempo a conduzir...
Ontem acabei de ler, finalmente, «O mercador Português» de David Liss, uma autêntica lição sobre o nascimento do comércio moderno em Amesterdão, no século XVII e uma janela sobre o destino dos judeus portugueses, expulsos pela Santa Inquisição, no seu país adoptivo ( muito interessante). Comecei hoje «O Evangelho segundo Judas» que comprei na semana passada e hoje não resisti a comprar «O Pêndulo de Foucault» de Humberto Eco, um dos meus autores preferidos. No aniversário recebi 3 livros e ainda não li nenhum deles. Resumindo, tenho uns 20 livros, adquiridos recentemente que ainda não lhes peguei, nem sei quando o farei. Está a tornar-se viciante. Com os DVD`s acontece quase o mesmo. Pelo menos um terço dos filmes que tenho em casa ainda não os vi e não são assim tão poucos.
Eu não compro vestuário, sapatos, perfumes ou acessórios compulsivamente, compro o que gosto quando tenho falta, mas a livros e filmes são-me irresistíveis. A culpa é mais uma vez da sociedade de consumo que os expõe na entrada dos supermercados para eu não resistir.
No tempo em que os livros se vendiam apenas nas livrarias não havia riscos, eu só lá ia quando desejava muito um livro específico. Agora que eles saltam da prateleira para o cesto das compras não sei que fazer!