O sistema capitalista em que o mundo mergulhou definitivamente desde a queda do muro de Berlim não nos dá alternativas. Se o comércio não consegue aumentar as vendas então inventa-se mais uma data qualquer para celebrar algo que nos obrigue a comprar prendas para que não fiquemos mal na fotografia. O mais recente caso foi, como é do vosso conhecimento, o Dia dos Namorados. Aproveitando a data de um Santo Valentim que ainda não tive coragem de ir investigar para saber o que fez pelos namorados para que heteros e homos o celebrem com tanto fervor, o sistema convida-nos a comprar presentes, a ir jantar fora, a fazer um passeio romântico, a foder em lencois de cetim na cama de um hotel, decorado com rosas vermelhas, velas de cheiro e banhos de espuma, ou seja, convida-nos a arruinar o orçamento do mês de Fevereiro, que graças a não sei que santo é o mais curto de todos.
Embora tenha feito um esforço fui desde logo avisado que iria receber um original presente no dia previsto. Uma certa colega chingou-me a massa encefálica até que me viu entrar numa loja para comprar o romântico presente. Nestes dias frios de Janeiro comentei, para mal dos meus pecados, que precisava de um pijama. Pimba, no dia marcado lá estava todo embrulhado um pijama com ursinhos às centenas, de uma só peça, tipo macacão. Durante os próximos 10 anos não me vou queixar do frio, tenho a certeza. Veio mesmo a calhar. O dinheiro que gastei no presente para o Shwasy não vou gastar numas ceroulas ali no mercado de Estoi.
Mas isto é a minha história pouco romântica, fruto de um casamento de quase 10 anos. Namoros mais recentes têm um outro fôlego. Um certo namoro que começou na passagem do ano tem mais imaginação e o amor fresco não se contenta com faltas de romantismo. Rosas, rosas, muitas rosas! Não, apenas uma rosa. Uma singela rosa azul, linda como lindo é o amor nascido nos dias frios de Inverno. A mais bela rosa foi o presente do dia de São Valentim deste casal amigo que ainda não deixou arrefecer a paixão. Bem haja São Valentim e os casais apaixonados que não deixam que o sistema capitalista traia o espírito do dia 14 de Fevereiro.
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