quinta-feira, agosto 03, 2006
O QUE FICOU DO PASSADO
De vez enquanto o passado vem ao meu encontro e eu até gosto de o encontrar. Por muito que considere a religião passado na minha vida e não a considere parte daquilo que me importa actualmente, tenho que reconhecer que a comunidade cristã evangélica moldou muito do que ainda sou e não quero deixar de ser.
Faz pouco tempo que conversando com a minha «Gaja» sobre a educação do seu filho, ela me perguntava se achava bem que ele frequentasse a catequese. A minha resposta imediata foi sim e depois os escuteiros até que ele tenha todos os elementos para fazer as escolhas da sua vida no final da adolescência. Por muito que critiquemos tanto a igreja Católica como a Evangélica algo que temos de reconhecer é que os princípios éticos e morais que a igreja transmite são em geral bons pressupostos para a formação do carácter de um jovem. Nas instituições jovens das igrejas aprendem-se valores que vão muito além dos instintos de sobrevivência que pendem para o egoísmo. As igrejas cristãs formam homens e mulheres orientados para a solidariedade humana, para a procura da verdade, e para o bem-estar pessoal e social de cada um. Não nego que ensinando o amor ao próximo estimulam a pena por camadas da população que dela não necessitam, que pregando a igualdade entre os homens induzem o sentimento de superioridade em relação aos outros, defendendo a pureza de actos geram hipocrisia de vida. A formação de caracter baseada no humanismo cristão gera, quase sempre um ser humano bem formado.
Os jovens têm muito a ganhar com os ensinamentos cristãos. Na hora certa crescerão e saberão destrinçar o dogma da verdade, os comportamentos beatos das atitudes sensatas, os rituais dos actos espontâneos e verdadeiros, ...
Sinto diferença naqueles que aprenderam e cresceram ligados aos valores cristãos. É, apenas, fundamental que na hora certa retenham o fundamental e filtrem o acessório na prática religiosa.
Afastei-me da Igreja Evangélica quando me convidaram a anular-me e viver uma vida falsa que era entretanto o que eu já estava saturado de viver. Anula a tua sexualidade e vive para Deus. Ora eu para frade nunca tivera grande tendência. Foi então que respondi ao Pastor que não ía deixar que a minha vida se tornasse um processo amargo e recalcado, triste e frustrado, isso não, preferia o inferno no final! O pastor que se estava totalmente lixando para mim, vi-o no seu olhar, quando me disse que o melhor era eu não voltar a falar da minha homossexualidade: se não praticasse não havia problema! Li no seu olhar uma vontade cínica de que eu não optasse pela vida celibatária. Ele sabia que seria um problema ter um gay recalcado na igreja.
Percebi a mensagem e só lá volto para assistir a casamentos e funerais.
Não estou arrependido da opção que tomei. O que de bom aprendi na Igreja Evangélica Baptista ainda cá mora no fundo do meu coração e muito me tem servido para levar de vencida a minha vida que não tem sido tão má quanto isso. Foi Deus que o quis, diria eu, agora, cinicamente!
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