domingo, agosto 20, 2006

O CHEIRO A ALFARROBAS MADURAS


O cheiro é dos sentidos o mais misterioso. De um momento para o outro a propósito de um odor inesperado somos transportados para lugares e tempos de que já não nos lembrávamos. Hoje aconteceu comigo:
Vim de Mercedes CLK dos Alporchinhos para Faro. Como o Verão está de volta abri a capota e vim com os respectivos ao vento, que sabe a luxo e a poder, nem que seja só durante a meia hora que dura a viagem. Já o estádio do Algarve tinha desaparecido do espelho retrovisor, preparava o carro para mudar de faixa e entrar na nacional 125 quando sinto o ar inundar-se de cheiro a alfarrobas maduras. Está na época. Talvez já tenham começado a colheita ou a chuva do outro dia as tenha feito exalar aquele cheiro forte que não imagino com o que comparar. O aroma da alfarroba não se parece a nada a não ser a isso mesmo: alfarrobas maduras.
Inspirei fundo para usufruir plenamente daque odor que já havia muito tempo não sentia e como que numa fusão entre os sentidos e as recordações fui transportado para um dia esquecido na infância em que brincando com o Samuel e o Desidério nos ramos de uma alfarrobeira caí desamparado no chão, perdi os sentidos e até hoje não lembro como cheguei a casa. A esse dia só associo o intenso cheiro ao fruto da alfarrobeira que se sentia naquele dia de Verão em que tombei do cimo da árvore.

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