quinta-feira, junho 01, 2006

UM OLHAR SOBRE O HOMOSSEXUAL PASSIVO


Se excluirmos a visão judaico-cristã-islâmica da sexualidade que enfatiza a sua função reprodutiva e quase exclui e recrimina mesmo a sua função lúdica, que desde as primeiras civilizações a preocupação moral, se é que ela sempre existiu, tinha mais a ver com «posições» do que com parceiros. A moral fora das três grandes religiões monoteístas sobre o acto sexual tem sobretudo um carácter supremacia na hierarquia social. A mulher era o sujeito passivo do acto sexual; era o sexo fraco e na hierarquia social estava claramente abaixo do estatuto do homem o parceiro activo e dominador no acto sexual. Fora dos conceitos morais introduzidos pelo judaismo o que era mal visto não era a relação sexual entre duas pessoas do mesmo sexo, mas o parceiro que tinha o papel passivo no acto sexual; o que, no entanto, perdia importância se o parceiro passivo fosse um adolescente. Um varão não devia assumir o papel passivo numa relação homossexual porque aos olhos da sociedade isso fazia-o descer ao estatuto inferior que era próprio da mulher.

William Naphy no seu estudo publicado com o nome: «Born to be gay, História da homossexualidade», apresenta uma investigação muito clara sobre este assunto no primeiro capítulo: «Antes de Sodoma e Gomorra».

Avançando no tempo até aos nossos dias podemos reconhecer na moral contemporânea vestígios muito reais desta forma de pensar. Logo, porque vivemos numa sociedade ainda marcadamente machista e sexista em que a visão masculina do mundo é que faz «lei». As questões ligadas ao preconceito homossexual voltam-se sobretudo para o homossexual passivo. O homossexual activo, não deixando de ser apontado pelas suas práticas sexuais é visto como o «homem» o dominador, o «cabeça de casal», o tão festejado macho! Ele não deixa de ser o macho apesar de copular com outro homem que sendo passivo é o elemento fraco, a mulher do casal. Junto à questão moral tradicional que elege o sexo apenas para procriação, está a posição que cada um assume na relação sexual gay. Não raro deparamo-nos com homens que tendo praticado actos homossexuais, não assumem o que praticaram como um acto gay porque foram eles que penetraram e não o contrário por isso a sua honra de «machos » não ficou manchada. O seu estatuto de homem mantêm-se intacto.
Esta visão da homossexualidade revela uma larga ignorância sobre o comportamento sexual dos gays. Todos nós sabemos que ser efeminado não é sinónimo de ser o parceiro passivo no acto sexual e vice-versa. A sociedade tem por norma atribuir papéis activos e passivos quando vê um casal homossexual o tem tendência a etiquetar de activo ou passivo seja quem for de acordo com o seu comportamento, forma de vestir, penteado etç. O estigma que grassa sobre os comportamentos gays é resultado da ignorância da população em geral. Para a sociedade em geral no que diz respeito aos gays tudo o que parece é, quando na verdade o que parece a maior parte das vezes não é, e o que é, parece não ser.

3 comentários:

DE CORPO E ALMA disse...

Obrigado Arion pela correcção ortográfica.

Não posso deixar de concordar sobre a segregação que está bem viva dentro da própria comunidade gay. É uma questão de mercado, mais do mesmo aumenta a procura e reduz a oferta, logo quem não se olha ao espelho afia a língua para denegrir a imagem da concorrência.

Anónimo disse...

Oi... realmente axei graça ao comentário do arion, em relação aos "efeminados não", e axo k está correctissimo.. lol. quanto ao post, gostei d ler e tb concordo plenamente.. quando dizes na parte final do texto k a sociedade em geral tem por norma atribuir este ou akele "papel" aos gays, eu axo ke, como é k se pode censurar a sociedade ke é mal informada, se os próprios gays msm sabendo k neste meio nem tudo é como parece, eles próprios têm, em geral, o hábito da "etiquetagem".. lol .. força p o blog .. abraç*

DE CORPO E ALMA disse...

Arion, obrigado pelo teu interesse. Está tudo bem. Foi apenas um exame preventivo depois de ter surgido um facto suspeito. Não acusou mais nada, mas vou continuar a acompanhar e daqui a 1 ano volto a fazer o exame.