sábado, junho 10, 2006

FÁTIMA LETÍCIA NÃO TEVE CULPA!

Fátima Letícia é uma menina de poucos meses de idade que vivia com seus progenitores em Viseu até que há alguns meses atrás a televisão, a rádio e os jornais noticiavam que esta bebé com apenas dois meses de idade tinha dado entrada no Hospital de São Teotónio com marcas físicas de maus tratos e caído em estado de coma. Ficamos a saber que esta era a quarta vez que era assistida no hospital da cidade, a primeira das quais aos 14 dias de idade. Tinha marcas no rosto que poderiam ter sido provocadas por maus tratos humanos. Após tratamento a criança foi devolvida à família sem mais preocupações.
Depois de revelados os escandalosos acontecimentos que marcarão Letícia por toda a vida foi instaurado um inquérito pelas Inspecções-gerais do Trabalho e Solidariedade e da Justiça que concluia pela infracção da lei que rege a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens por 8 vezes. As pessoas responsáveis por proteger e garantir a segurança desta criança não só não cumpriram os deveres para com as crianças que deviam proteger como transgrediram as regras que regulam a sua actuação. A isto chama-se negligência e incúria.

A «auditoria aprofundada» que agora vem ilibar de qualquer responsabilidade esta comissão e ainda o hospital que tratou Fátima Letícia do risco de vida em que foi deixada junto dos pais mostra que o estado português não tem, não cria e pior não se importa com as condições em que as suas crianças crescem. O estado português não zela pela segurança dos seus menores. Para quem não está ao corrente este foi só mais um caso de maus tratos a menores infligidos pelos próprios familiares que só por acaso não conduziu à morte da vítima como os outros que no último ano foram noticiados.

Os líderes políticos nacionais são de uma hipócrisia espantosa. Não criam condições de protecção de menores. Dizem protegê-los internando-os em instituições que depois não zelam pelo seu bem estar como a tristemente famosa Casa Pia, Casas do Gaiato, Oficinas de São José e outras instituições que amontoam menores em risco como se fossem um rebanho que quando chegar à idade será abandonado ao seu destino no centro de qualquer cidade. A sociedade portuguesa prefere« educar» crianças em risco em instituições que não oferecem garantias de sucesso na educação de menores a criar condições para que estas venham a ter uma família adoptiva que certamente lhes daria maior percentagem de sucesso na sua educação.

Tal como nos contentamos em «resolver» o problema das populações a viverem em habitações degradadas construindo bairros sociais onde as escondemos, felizes de terem uma casa condigna para viver não importando se as metemos num gueto de onde dificilmente sairão devido ao estigma de viverem naquele local, ser educado numa instituição deste género é meio caminho andado para a delinquência e nada garante que terão uma educação adequada.

Para os responsáveis portugueses este estado de coisas não os preocupa. O que é realmente preocupante para os nossos políticos é que um casal de lésbicas ou de gays possam vir a ter a responsabilidade de educar uma criança. Estes é que não oferecem garantias de serem bons pais e educadores. Os seus comportamentos e valores são errados por isso uma criança correrá enormes riscos ao ser educado por dois pais ou duas mães! Para este facto eles estão em alerta total, para o que se passa na Casa do Gaiato, para o que se passou na Casa Pia e para o que se passa diariamente em casas de famílias honradas pela conduta heterossexual eles fecham os olhos e cagam nisso. Preocupam-se com conceitos e preconceitos morais que indirectamente afirma que um homossexual é provavelmente um depravado que pretende adoptar crianças para delas abusar sexualmente. O que os preocupa é o preconceito, não a realidade.

Se os pais materem mais uma Joana ou deixarem em coma mais uma Letícia não foi culpa nossa! Se acontecer mais uma Casa Pia ou Oficina de São José, não é culpa nossa. O que nós não podemos permitir é que um homossexual tenha oportunidade de ter sob o mesmo tecto uma criança porque certamente vai abusar dela e isso é responsabilidade de quem aprovar uma lei que o permita.

Eu vivo no reino da hipócrisia e onde ninguém é culpado de coisa nenhuma.

Hoje é o dia de Portugal, de Camões e das comunidades portuguesas. Viva Portugal!

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