quarta-feira, março 29, 2006

ALGUÉM PARA TRABALHAR?


Todos os anos se repete o ritual. Com a aproximação do período que antecede a Páscoa o Algarve prepara-se para um péssimo ano turístico reforçando os quadros de pessoal das empresas que se dedicam a ganhar uns cobres com os serviços prestados aos turistas que vêm relaxar ao sol ou ao luar, conforme as preferências. A empresa onde trabalho não foge à regra e previne-se para a enchente que fica sempre aquém das espectativas e admite colaboradores tornar suportável o acréscimo de trabalho durante os próximos sete meses.
Nos últimos dias tenho andado num frenesim a verificar corrículos vitae, a fazer entrevistas na esperança de acertar na escolha dos «maçaricos» que vão atrapalhar e confundir com a sua inexperiência os dias de trabalho daqueles, que ano após ano, já dão o litro para que o nome e a boa reputação da empresa não caia na lama.
Em anos transactos cheguei a desesperar sem candidaturas. Não havia ninguém à procura de emprego, muito menos de trabalho! Cheguei a pedir ao centro de emprego que enviasse candidatos que, pensava eu, desejavam começar a produzir e a contribuir para o desenvolvimento do seu país. Foi rídiculo! Entravam-me pela porta pessoas que a primeira coisa que me diziam era que estavam ali, mas não queriam o emprego!? As razões eram as mais diversas: ou porque aguardavam voltar para o posto de trabalho do ano anterior dentro de pouco tempo, ou porque tinham trabalho, mas continuando inscritas no centro de emprego continuavam a ganhar o subsídio, ou então não estavam mesmo interessadas em arranjar emprego. Um ou outro mostrava algum interesse, mas as habilitações eram completamente desapropriadas. Foi um caos! Uma frustração! Acabei por admitir o que me pareceu menos mau ou o único candidato que se inscreveu. Vindo do centro de emprego não ficou nenhum! Até ao ano passado suspeitei que não havia ninguém desempregado no Algarve tal foi a dificuldade em encontrar quem quizesse preencher os postos de trabalho disponíveis.
Este ano tudo foi diferente. O desemprego entre os mais jovens é notório e os subsídios parecem escassear na segurança social. Nunca tive tantos candidatos aos dois lugares disponíveis: mais de uma dezena! E gente com o perfil certo e desejosos de ficar empregados. Claro que há muito boa gente por aí arranhando-se por um posto de trabalho digno com o 8º ano incompleto, com Inglês aprendido na praia da Messejana e ainda na casa dos 20 anos! Enfim o fado da escolaridade obrigatória por cumprir. Continuam a aparecer candidatos sem vontade de deixar o vale dos lencóis antes das onze da manhã o mesmo é dizer sem vontade de trabalhar. É surgiram muitos com o 12º ano completo, com cursos universitários a meio e gente que já fez de tudo, mas não conseguiu assentar num emprego estável.
O Algarve já não é o que era; está diferente!
Quando se sente que alguém tem vontade de trabalhar e se é obrigado a preteri-lo em favor de outro não é fácil. Mas ó há lugar para dois!

Espero ter feito as escolhas certas! Agora já não há volta atrás.

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